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Revolta na Líbia

16 de março de 2011

Após reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, França acredita que pode assegurar apoio necessário ao projeto de resolução para instituir zona de exclusão aérea sobre a Líbia com participação dos países árabes.

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Conselho de Segurança da ONU discute zona de exclusão aéreaFoto: picture-alliance/dpa

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediu nesta quarta-feira (16/03) apoio para o projeto de resolução no Conselho de Segurança da ONU que inclui uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, segundo informou o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppe.

Libyen Fernsehrede von Muammar Gaddafi in Tripolis
Ditador Kadafi fala na televisão estatal, em 09/03/2011Foto: dapd

"Tenho várias razões para pensar que vamos atingir nosso objetivo. Agimos apenas com a chancela do Conselho de Segurança da ONU e não apenas com o apoio, mas com a participação ativa dos países árabes", disse Juppe.

A Rússia e a Alemanha manifestaram dúvidas sobre se uma zona de exclusão aérea seria aconselhável ou mesmo útil, e um grupo de oito ministros do Exterior reunidos em Paris nesta semana não conseguiu chegar a um acordo. Em um comunicado de governo, o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, reforçou sua posição contrária à zona de exclusão aérea.

Segundo ele, a execução dessa medida nada mais seria do que uma intervenção militar. "Não queremos e não devemos nos tornar a facção bélica de uma guerra civil no norte da África", disse Westerwelle, que também pediu sanções internacionais mais rigorosas contra o regime de Kadafi e ameaçou seus seguidores com o Tribunal Penal Internacional.

Necessidade de apoio árabe

A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, afirmou esperar que até a quinta-feira o Conselho de Segurança tome uma decisão sobre a situação na Líbia. "Estamos nos movimentando o mais rápido possível em Nova York, tentando conseguir uma autorização adicional para a comunidade internacional tomar uma ampla gama de ações, não apenas em relação a uma zona de exclusão aérea, mas outras ações também."

Em declaração à televisão norte-americana, Clinton disse que o ditador líbio Muammar Kadafi parece determinado a matar tantos rebeldes quanto possível e reassumir o controle do norte do país. "O que estão vendo aqui é a confirmação de que qualquer que seja a decisão do Conselho de Segurança da ONU, ela precisa incluir as lideranças árabes", disse Clinton à emissora CBS.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta quarta-feira um cessar-fogo entre as tropas de Muamar Kadafi e os rebeldes líbios, frente a uma ofensiva contra a capital da oposição, Bengasi. Ban "está seriamente preocupado com a escalada militar das forças do regime, o que inclui indicações de um ataque à cidade de Bengasi", disse o porta-voz da ONU Martin Nesirky.

"Uma campanha para bombardear um centro urbano tão grande colocaria a vida de muitos civis em risco. O secretário-geral urge que todas as partes envolvidas no conflito aceitem um cessar-fogo imediato e obedeçam a resolução de 1970 do Conselho de Segurança", completou Nesirky.

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Filho de Kadafi diz que 'traidores' deviam emigrar para o EgitoFoto: AP

Confrontos

As tropas do ditador líbio Muamar Kadafi tomaram as cidades de Misurata e Ajdabiya nesta quarta-feira sob fogo pesado. A ofensiva das tropas de Kadafi contra os insurgentes que dominam a metade leste do país chegou a um impasse, no entanto. O ex-ministro do Interior, Abdulfattah Junis, que se juntou aos rebeldes, disse na rede de notícias Al Arabiya que no dia anterior os "revolucionários" haviam matado dezenas de soldados e capturado outras dezenas em Ajdabiya.

A cidade estrategicamente importante, 160 quilômetros ao sul da metrópole rebelde Bengasi, passou a quarta-feira sob tiroteio. Segundo informações dos insurgentes, a cidade de Misurata, a oeste, também teria sido alvo de tanques e artilharia. Porém as tropas do regime não teriam conseguido até então penetrar nela. Segundo moradores, falta água e energia na cidade sitiada 210 quilômetros a leste da capital Trípoli.

Os apoiadores de Kadafi falam de vitória. "A operação militar terminou. Em 48 horas tudo terá passado", afirmou o filho do ditador Saif al-Islam em uma entrevista à emissora de TV Euronews. A tomada de Bengasi seria iminente. Os "traidores", como são chamados os rebeldes, devem "emigrar com suas famílias para o Egito".

O ditador Kadafi jurou perante seus apoiadores em Trípoli que vai defender suas fontes de petróleo contra a França, o Reino Unido e os Estados Unidos. "Estamos determinados a encerrar essa aventura colonial e dar a eles uma derrota", disse ele.

FF/dpa/rtr/afp
Revisão: Augusto Valente