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Skinheads planejaram "limpar" região de estrangeiros

Estelina Farias8 de agosto de 2002

A organização clandestina de skinheads, conhecida pela sigla SSS, planejou caçadas sistemáticas de estrangeiros, drogados e esquerdistas em Dresden, entre 1996 e 2001.

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Skinheads fazem a saudação nazista: heil HitlerFoto: AP

O grupo, que reúne quase 100 skinheads, queria "limpar" a região de Pirna, no leste da Alemanha, conforme acusação feita pela Promotoria Pública no maior processo contra extremistas de direita na Alemanha. O julgamento de sete skinheads, de 23 a 30 anos de idade, que começou segunda-feira (5), em Dresden, e previsto para terminar em dezembro, é o primeiro de uma série de processos instaurados contra 20 radicais de direita. Os jovens são acusados de incitação ao ódio racial, perturbação da paz interna, formação de quadrilha e lesão corporal.

Chocar a opinião pública alemã e até a polícia pela brutalidade de suas ações e planos é uma característica marcante do grupo "Skinheads Sächsische Schweiz" (SSS). A sigla é referência à SS do ditador nazista Adolf Hitler e ao nome da região chamada Saxônia Suíça por causa de suas montanhas que lembram os alpes suíços. Três do que estão agora no banco dos réus participaram de ataques brutais contra 10 estrangeiros, junto com outros 18 neonazistas, em 1998, na região de Pirna.

Arsenal na garagem

Uma das causas da extinção oficial do grupo, em abril de 2001, foi a descoberta do seu arsenal gigantesco, em meados de 2000. A polícia custou a acreditar no que via quando se deparou com uma quantidade enorme de armas e explosivos na garagem de um mestre de fuselagem, na Saxônia: dois quilos de TNT e mais farto material explosivo, granadas de mão, metralhadoras, pistolas, peças de mísseis e um carro-bomba semi-pronto.

O arsenal pertencia aos filhos do dono da garagem, dois rapazes de 18 e 21 anos de idade naquela época. Ambos integravam o grupo de quase 100 skinheads da SSS, todos de classe média. Eles chamam atenção pela aparência. Além da cabeça raspada, estão sempre trajando calças e jaquetas estilo militar e botas com reforço de metal, que usam como arma contra estrangeiros, sobretudo negros e asiáticos, e alemães esquerdistas ou viciados em drogas. Muitos skinheads alemães são proibidos por tribunais de usarem tais botas.

Nas buscas que realizou em 50 residências de skinheads, no verão de 2000, a polícia deparou-se não só com muito explosivo e armas de diversos calibres, mas também com um plano para a "operação alfa" – uma caçada humana contra todas as pessoas que parecessem antipáticas aos extremistas de direita. Ou seja, estrangeiros, judeus e alemães de esquerda ou viciados em drogas. Com a descoberta do plano, ficou claro para o Ministério Público que o SSS não era uma associação recreativa.

Antipatias e simpatias

Bandos do SSS já atacaram descendentes de alemães que emigraram da Rússia, só porque eles queriam abastecer seus automóveis em postos de gasolina controlados por radicais de direita. Também enviaram cartas de ameaça a membros do partido neocomunista PDS e a estudantes que se voltaram contra lemas de extrema-direita.

Embora na clandestinidade há quatro anos, o grupo goza de grande simpatia no reduto da extrema-direita. Seus membros não são jovens que vivem de ajuda social do Estado e ou sem perspectivas. Pelo contrário, são todos de classe média. Muitos são bancários, profissionais de diversos ramos e até funcionários do serviço de assistência social do Estado. O número de simpatizantes do SSS é calculado em 200 e um dos amigos íntimos da turma de skinheads é Uwe Leichsenring, vereador do Partido Nacional Democrata (NPD), cuja extinção está sendo examinada pelo Tribunal Federal Constitucional.

O governo e as câmaras baixa (Bundestag) e alta (Bundesrat) do Legislativo requiseram a proibição do NPD por causa de sua semelhança com o Partido Nazista de Hitler e o grande número de seus filiados comprometidos com a violência por motivos racistas, xenófobos e anti-semitas.