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Crise do euro

13 de agosto de 2011

Pacote anunciado pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, inclui aumento de impostos e cortes nos gastos públicos. Governo calcula que ajustes ajudarão a economizar 45,5 bilhões de euros.

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epa02834639 Italian Prime Minister Silvio Berlusconi arrives at a eurozone heads of state meeting at the european council headquarters in Brussels, Belgium 21 July 2011. European leaders are meeting to hammer out a deal on a second bailout for Greece and consequently halt the debt crisis from spreading to Spain and Italy, two of the 17-member eurozones biggest economies. EPA/OLIVIER HOSLET
Anúncio é feito com 'coração sangrando', diz BerlusconiFoto: picture alliance/dpa

O governo italiano anunciou nesta sexta-feira (13/08) a adoção de medidas austeras drásticas, incluindo aumento de impostos e corte de gastos públicos, para tentar equilibrar suas finanças até 2013 – um ano antes do planejado inicialmente. O plano de ajuste orçamentário pretende recuperar 45,5 bilhões de euros – sendo 20 bilhões em 2012 e 25,5 bilhões no ano seguinte.

O pacote anunciado pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi após encontro emergencial com seu gabinete de governo precisa ser aprovado nos próximos 60 dias pelo parlamento italiano, que também poderá fazer alterações.

Entre as medidas, está a criação do chamado "imposto de solidariedade", que taxa em 5% rendas acima de 90 mil euros e, em 10%, os que receberem mais de 150 mil euros. Também haverá maiores taxações sobre investimentos financeiros, ações para evitar a evasão de divisas e cortes nos gastos do governo, inclusive com a redução do número de políticos locais.

São previstas fusão de províncias e de municípios, a antecipação para 2016 do aumento progressivo da idade de aposentadoria das mulheres para 65 anos e cortes de 50 mil postos nas administrações central e regionais.

No mês passado, sob forte pressão dos mercados, a Itália já havia anunciado a necessidade de adotar medidas para diminuir os gastos públicos a fim de ajustar o orçamento do país até 2014. Segundo o ministro italiano de Finanças, Giulio Tremonti, com as novas providências, o déficit público deverá cair dos 3,8% este ano para 1,4% no ano que vem, zerando até 2013.

Coração sangrando

Tremonti: pacote quer zerar déficit público até 2013
Tremonti: pacote quer zerar déficit público até 2013Foto: picture-alliance / dpa

Berlusconi disse sentir seu "coração sangrar" ao concordar, ainda que relutantemente, com o aumento de impostos no país. "Nossos corações estão sangrando. Este governo tinha se vangloriado de nunca ter colocado as mãos nos bolsos dos italianos. Mas a situação mundial mudou, estamos enfrentando o maior desafio global", declarou o primeiro-ministro.

O governo italiano aprovou o pacote de medidas austeras sob forte pressão do Banco Central Europeu (BCE), que impôs o ajuste das contas internas do país como condição para comprar seus títulos públicos. A Itália tem uma das maiores dívidas públicas do mundo – equivalente a 120% de seu PIB.

"Este programa vai ao encontro do que o BCE recomendou. Depois de se concentrar na Grécia, a especulação financeira estava se concentrando em nossa direção. Nesta situação, não havia o que fazer, a não ser procurar a intervenção do banco europeu", disse Berlusconi. "Então decidimos ir ao encontro das demandas que a instituição nos fazia, para que ela se justifique frente a outros países europeus, particularmente Alemanha, Holanda e Finlândia, por estar gastando dinheiro público", acrescentou.

Os custos de empréstimos do país aumentaram recentemente depois que investidores passaram a vender títulos italianos, preocupados com a saúde financeira da terceira maior economia da zona do euro.

Sindicatos italianos prometem fazer barulho contra aprovação do pacote
Sindicatos italianos prometem fazer barulho contra aprovação do pacoteFoto: picture alliance/dpa

Oposição ao plano

Antes mesmo do anúncio do primeiro-ministro italiano, sindicatos do país prometeram forte oposição contra o pacote, que afetará duramente a população, inclusive aposentados.

"O aumento de impostos certamente não vai ajudar a economia, que já está estagnada, e a confiança do consumidor certamente também vai cair", avaliou Raj Badiani, economista da consultoria IHS Global Insight.

Na visão da analista Chiara Corsa, da UniCredit em Milão, o plano "não é perfeito, mas provavelmente é o melhor que poderíamos esperar diante desta atual situação política e considerando que eles tiveram que reformular tudo em uma semana".

MS/rts/afp/lusa
Revisão: Marcio Damasceno