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Solidariedade alemã com os cristãos iraquianos

(am)10 de março de 2003

Dois deputados alemães da CDU-CSU visitam atualmente o Oriente Médio para levar sua solidariedade aos cristãos do Iraque e do Líbano. Eles contrariam assim a política do seu partido.

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Bagdá: as comunidades cristãs estão entre as mais antigas do mundoFoto: AP

Os deputados federais alemães Peter Gauweiler (CSU – União Social Cristã) e Willy Wimmer (CDU – União Democrática Cristã) iniciaram uma viagem pelo Oriente Médio no fim-de-semana, com o intuito de prestar solidariedade aos cristãos da região e em protesto contra a política norte-americana de intervenção militar no Iraque. Gauweiler e Wimmer afirmaram seu inteiro apoio à posição pacifista do papa João Paulo II.

Os dois parlamentares reuniram-se com as comunidades cristãs de Bagdá no domingo (9/3) e visitam, nesta segunda-feira (10/3), os representantes dos cristãos libaneses em Beirute. Segundo Peter Gauweiler, "quando se procura começar uma guerra, tentando criar a ilusão de que ela será o fim de todas as guerras, é a nossa tarefa como parlamentares mostrar que tal política leva a um beco sem saída".

Nova barbárie

Willy Wimmer faz parte da comissão de Política Exterior do Parlamento federal alemão (Bundestag), tendo assim um papel destacado para o respaldo parlamentar à política externa do governo de Berlim. Em relação a uma eventual ação isolada dos Estados Unidos, sem um mandato oficial da ONU, Wimmer afirma: "se não forem mais respeitadas as regras das Nações Unidas, isto significará então uma nova era da lei do mais forte, o início de uma nova barbárie."

Deputado federal de Munique pela CSU, Peter Gauweiler vem contradizendo há muito a política do seu partido em relação à crise do Iraque, pois a seu ver ela contraria a posição do Papa. Para o presidente da CSU e governador da Baviera, Edmund Stoiber, o ponto de vista de Gauweiler é uma "opinião isolada" dentro do partido.

Mensagens

Em Bagdá, Wimmer e Gauweiler visitaram no domingo diversas igrejas cristãs dos caldeus e dos assírios, onde leram as mensagens de solidariedade do cardeal Friedrich Wetter, da arquidiocese de Munique e Freising, e do bispo luterano da Baviera, Johannes Friedrich. Na carta aberta ao patriarca dos caldeus, Raphael Bidawid, o cardeal de Munique afirmou: "Vocês devem ter consciência de que não os esquecemos. Em todas as igrejas, nós rezamos para que seu país seja poupado da guerra e para que a paz se imponha no mundo."

O bispo evangélico Johannes Friedrich escreveu aos cristãos iraquianos: "Temos esperança e rezamos por uma solução pacífica, que permita a todas as pessoas no Oriente Médio – cristãos, muçulmanos e judeus – conviver em harmonia e paz."

Comunidades bíblicas

A antiga Mesopotâmia – região do atual Iraque – possui uma das maiores e mais antigas comunidades cristãs de todo o Oriente. Cerca de 700 mil iraquianos professam hoje religiões cristãs, 80% são caldeus. Sua comunidade data do primeiro século da era cristã e foi fundada por São Tomás, um dos doze apóstolos de Cristo. Seu idioma é o caldeu antigo, que se originou do aramaico, a língua falada por Jesus e seus apóstolos.

Os cristãos do Iraque sentem-se duplamente ameaçados: não apenas pela guerra iminente, mas também pelas incertezas do pós-guerra. "Quando chegar o dia do acerto de contas entre os diversos grupos étnicos do país, ninguém sabe o que poderá ocorrer", afirma-se entre os caldeus. Como integrantes de uma pequena minoria no Iraque, os cristãos iraquianos temem que o vácuo de poder deixado após a eventual derrubada de Saddam Hussein venha a favorecer grupos fundamentalistas islâmicos. Isto significaria o fim de uma tolerância religiosa de muitos séculos na região. Uma tolerância que foi respeitada até mesmo por ditaduras violentas como a de Saddam Hussein.