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Oriente Médio

16 de outubro de 2006

A marinha alemã assumiu o comando da missão da ONU diante da costa libanesa com o objetivo de evitar o contrabando de armas ao Hisbolá. O especialista em Oriente Médio Peter Philipp analisa a participação alemã.

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Que uma coisa fique clara desde o início: é bom que a comunidade internacional participe dos esforços pela paz e pela segurança no Oriente Médio. E é também bom, assim como é natural, que a Alemanha assuma um papel nestes esforços – não só como parte responsável dessa comunidade internacional, mas também por motivos históricos.

Nesse ponto já começam as divergências: durante semanas se discutiu, na Alemanha, se o país deveria e poderia enviar soldados, ainda mais para o Oriente Médio. E os dois lados argumentaram com os já referidos motivos históricos. Numa situação extrema, diziam uns, soldados alemães poderiam vir a se confrontar com militares israelenses. Já outros ressaltavam que a paz na região favorece a segurança de Israel, sendo, portanto, um interesse indiscutível da Alemanha.

Falta mandato claro

Não se alcançou um consenso, porém a Marinha alemã foi enviada à costa oeste do Mar Mediterrâneo e assumiu o comando da missão marítima internacional. Até aí, tudo bem. Mas, ao mesmo tempo, o que se pergunta é se essa participação – assim como o próprio envolvimento internacional – foi detalhadamente pensada e se realmente é uma colaboração construtiva para a estabilidade, paz e segurança. Ou é, talvez, novamente uma participação internacional com as melhores intenções, mas sem um conceito claro e sem uma duração previsível – como freqüentemente acontece em regiões de conflito.

Nesse meio tempo, ficou claro que a Finul – a Força Interina das Nações Unidas no Líbano, em terra e no mar – tem mais autoridade do que tinha até então, mas continua sem um mandato claro que lhe permita desarmar a milícia xiita Hisbolá ou mesmo se interpor a ela com eficácia. Essa tarefa continua sendo confiada ao Exército libanês, que, já por motivos de política interna, não poderia assumi-la. Mas, também, porque esse Exército é fraco demais para enfrentar o Hisbolá.

Apoio internacional

O líder do Hisbolá, Hassan Nasrallah, sabe disso melhor do que ninguém, fato que explica suas comemorações de vitória, em clara oposição à realidade. O Hisbolá não saiu vencedor dos 34 dias de guerra. Israel, com certeza, também não. Mas, no Oriente Médio, vale o seguinte: quem não é derrotado, pode se considerar vencedor e sempre encontrará quem concorde com isso.

Em que o marinheiro Müller de Mecklemburgo pode mudar este fato? A missão alemã – como toda a Finul – precisa agora de um sólido apoio internacional, por meio de esforços redobrados para uma solução política. Esta não pode e não deve se limitar à questão Israel-Líbano, mas também precisa englobar o problema central, a questão Israel-Palestina. E isso ultrapassa as capacidades da comunidade internacional.

Fernschreiber Autorenfoto, Peter Philipp
Peter Philipp, jornalista da Deutsche Welle, é especialista em Oriente Médio e trabalhou durante 23 anos como correspondente em Israel.