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Steinmeier, um estadista para tempos de incertezas

Richard Fuchs
22 de março de 2017

Ex-ministro do Exterior sucede a Joachim Gauck na presidência alemã. Social-democrata ocupa há anos posição de destaque na política e é, para muitos, o rosto da diplomacia do país.

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Presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier
Steinmeier: social-democrata desfruta de grande reputação para além das fronteiras de seu partidoFoto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe

O novo presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, é há muitos anos uma figura importante na política alemã. Ele foi o ministro do Exterior até o fim de janeiro e, para a maioria, é o rosto da diplomacia do país – o estadista ideal para exercer uma função majoritariamente simbólica, mas que ganha importância em tempos de polarização e em ano de eleições legislativas tidas como as mais importantes em décadas.

A função diplomática foi, porém, somente a última de uma série que o social-democrata de 60 anos ocupou em seu 20 anos de carreira política. Líder de bancada de seu partido, ministro do Exterior e agora chefe de Estado: Steinemeier, que substitui Joachim Gauck na presidência, não é nenhum desconhecido a entrar em cena.

Pelo contrário, Steinmeier traz consigo muitas habilidades que podem ser úteis ao cargo de presidente. O social-democrata desfruta de grande reputação para além das fronteiras de seu partido, é respeitado internacionalmente e já passou por diversas crises. A popularidade dele em pesquisas de opinião reflete essa grande estima. Há anos Steinmeier ocupa as primeiras posições entre os políticos mais populares da Alemanha.

Na última pesquisa de opinião Deutschlandtrend, da emissora pública ARD, de novembro, 72% dos entrevistados disseram estar satisfeitos com o trabalho do social-democrata. Em última análise, essa popularidade deve ter sido um argumento importante para que a escolha recaísse sobre o candidato do SPD, após semanas de idas e vindas.

Muitos observadores vinham especulando que o filho de um marceneiro do estado da Renânia do Norte-Vestfália teria interesse no mais alto cargo público da Alemanha. Afinal, em suas muitas viagens, com quase 400 mil quilômetros voados por ano, ele se apresentou muitas vezes de forma quase presidencial. E ele apostou na conciliação. Particularmente no conflito da Ucrânia, ele adquiriu grande reputação por meio de sua incansável diplomacia de mediação entre Kiev e Moscou.

Na ocasião, Steinmeier contribuiu para uma distensão do conflito – o que também pode ser atribuído à sua escolha cuidadosa de palavras – o que torna ainda mais marcante o fato pelo qual ele ocupou as manchetes recentemente. Ele chamou o ainda candidato à presidência dos EUA Donald Trump de "pregador do ódio", o que parece não combinar com um diplomata a que muitos atribuem uma tendência a uma existência burocrática convencional.

Ascensão ao lado de Schröder

A carreira política de Steinmeier começou ao lado do ex-chanceler federal alemão Gerhard Schröder, do SPD. Ele foi chefe da Chancelaria de Schröder quando este ainda era governador da Baixa Saxônia. Depois que o SPD chegou ao governo federal em 1998, Steinmeier passou a ser vice-ministro e, mais tarde, chefe da Chancelaria Federal no centro de poder da capital. Em 2005, ele assumiu o cargo de ministro do Exterior da primeira grande coalizão sob Angela Merkel.

Steinmeier foi vice-chanceler federal – e, na eleição de 2009, também candidato a chanceler federal pelos social-democratas. O SPD perdeu a eleição, o que na ocasião foi atribuído à falta de proximidade de Steinmeier junto à população. O novo presidente da Alemanha nunca foi nem é visto como alguém descontraído, mas no confuso jogo da diplomacia internacional, ele sempre fez um bom papel por meio de sua perseverança e visão de conjunto.

Em 2013, Steinmeier voltou para o Ministério do Exterior em Berlim após as eleições parlamentares e a reformulação da grande coalizão entre a União CDU/CSU e o SPD. Ao lado do liberal Hans-Dietrich Genscher, ele é, portanto, uma das figuras mais influentes da política externa alemã das últimas décadas.

Steinmeier nasceu em 5 de janeiro de 1956 na cidade de Detmold, na Renânia do Norte-Vestfália. Ele é casado com a juíza administrativa Elke Büdenbender. O casal tem uma filha adulta, que frenquenta a universidade.

Em 2010, Steinmeier chamou atenção do público. Ele tirou licença da política e da presidência da bancada parlamentar do SPD, para doar um rim à esposa gravemente doente. Isso lhe rendeu respeito e reconhecimento da população.

A decisão racional

Mesmo por parte da CSU, Steinmeier recebeu elogios. Antes da confirmação, a vice-governadora da Baviera, Ilse Aigner, chamou o social-democrata de "um bom candidato". O eurodeputado social-cristão Manfred Weber disse esperar continuidade com Steinmeier: "A Alemanha precisa de uma liderança forte, especialmente na atual situação."

A mensagem pela escolha de Steinmeier parece ser: o ex-ministro do Exterior deve funcionar como uma âncora contra a desordem e a instabilidade. Uma mensagem que foi enviada pessoalmente também pela chanceler federal. Na época da candidatura, Merkel classificou a escolha de Steinmeier como candidato presidencial de "uma decisão racional" – escolha aparentemente apoiada pela maioria dos alemães.