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Stress e deficiências técnicas no centro de controle aéreo suíço

5 de julho de 2002

Relatório divulgado nesta sexta-feira (05) revela acúmulo de tarefas e problemas com as instalações técnicas do centro de controle de vôo responsável pelos aviões que colidiram sobre o Lago de Constança.

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Familiares das vítimas depositaram flores junto aos destroçosFoto: AP

O funcionário que estava de plantão na torre de controle de Zurique, na noite de segunda para terça-feira, enfrentou inúmeros problemas técnicos, revela um relatório divulgado nesta sexta-feira (05) pelo Escritório Alemão para Investigação de Acidentes Aéreos (BFU), sediado em Braunschweig. Um segundo controlador de vôo igualmente de serviço estava fazendo pausa para lanchar, quando ocorreu o choque entre um Tupolev 154 e um Boeing 757 na região do Lago de Constança, pouco depois das 23h35.

Encadeamento de falhas —

Além do sistema de alarme contra colisão, a rede telefônica da torre de controle também estava desativada para manutenção desde as 23h. Durante vários minutos, o controlador tentou completar uma ligação, por uma linha secundária disponível, para a torre de controle de Friedrichshafen, a fim de passar aos colegas o monitoramento de um avião que estava para aterrissar naquele aeroporto alemão. O acompanhamento desta aeronave dava-se na tela de um dos dois monitores que estavam sob seu controle.

No segundo monitor, ele acompanhava quatro outras aeronaves, inclusive as duas que se chocaram. Como o sistema de alarme estava desativado, ele não pôde ser alertado pelo sinal acústico que soa quando dois aviões se aproximam um do outro perigosamente.

O controlador só deu ao piloto russo o comando para baixar de altitude 44 segundos antes do choque. Para uma descida rápida mas confortável, o piloto teria precisado de 90 segundos de tempo.

Por uma coincidência trágica, o piloto do Boeing iniciou exatamente no mesmo instante uma operação de descida, por ter sido alertado por seu equipamento TCAS (Traffic Collision Avoid System) de bordo. Considerando que o avião russo também estava equipado com esse sistema, uma das questões mais importantes que os peritos querem esclarecer é por que os dois sistemas não se comunicaram, como deveria ter acontecido, passando aos pilotos instruções sobre como agir corretamente.

Resultados das análises demoram —

Os especialistas do BFU começaram nesta sexta-feira a analisar as gravações dos voice recorders de bordo e dos dados registrados pelas caixas pretas dos dois aviões. Eles ainda não sabem dizer se todos os registros estão completos, ou se alguns foram danificados. Resultados não devem ser esperados "antes de meados da semana que vem", avisou um porta-voz do órgão.

Centenas de policiais prosseguiram as buscas na região em que os aviões se precipitaram ao solo, na tentativa de localizar duas vítimas ainda não encontradas. Os corpos das 69 vítimas resgatadas já passaram por autópsia, mas apenas cinco puderam ser identificados: o piloto e o co-piloto do Boeing, o piloto do Tupolev e duas meninas, uma delas de apenas quatro anos.

Os destroços dos dois aviões já foram quase todos transportados para o aeroporto de Friedrichshafen, onde serão igualmente examinados por peritos do BFU. (lk)