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Subsídios dos ricos sufocam os pobres

(pc)1 de março de 2004

Os subsídios milionários pagos pelos Estados Unidos e a União Européia aos seus agricultores, impedem que os produtos agrícolas dos países pobres cheguem ao mercado mundial.

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Ministra Heidemarie Wieczorek-Zeul que reduzir subsídios ao algodãoFoto: AP

O debate sobre os subsídios agrícolas dos países ricos foi relançado pela ministra alemã da Ajuda ao Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, que regressou de uma visita oao Benin. A ministra pode observar in loco, nesse país da África do Oeste, as trágicas conseqüências da globalização para os países pobres.

A situação do pequeno produtor Gawe Mansa dá uma idéia da dimensão do problema. Ele começou a plantar algodão há seis anos, aproveitando os créditos concedidos pelo governo. Mas o preço do algodão, que despencou 40 por cento nos últimos quatro anos no mercado mundial, não chega hoje nem à metade do que era há seis anos.

O dinheiro da colheita não é suficiente para pagar os créditos. Ao invés de algodão, Gawe planta agora legumes e cereais para ter o que comer.

Comércio ao invés de esmola

O algodão representa 70% das exportações do Benin. É o único produto produzido para o mercado externo. Todas as demais culturas agrícolas são voltadas para a subsistência. Para o produtor local, plantar algodão representa a única possibilidade de ter dinheiro na mão e poder, por exemplo, comprar uma casa ou dar educação aos filhos.

A ministra Wieczorek-Zeul deixou bem claro que a única solução é reduzir as subvenções dos países ricos ao algodão, a fim que a população do Benin – mais de dez milhões de pessoas – tenha uma fonte de renda. Segundo as palavras da ministra:

"Eles não querem esmola, querem apenas relações comerciais justas. Querem tirar algum proveito da globalização, e não apenas os países grandes e ricos."

US$ 5 bilhões de subsídios ao algodão

As subsídios anuais que os países ricos concedem ao algodão são estimados em 5 milhões de dólares. A maior parte é paga pelos Estados Unido e União Européia, que gasta centenas de milhões de euros para subvencionar plantações de algodão na Espanha e Grécia.

Para se ter uma idéia da disparidade basta dizer que o agricultor dos Estados Unidos é subsidiado com 50 centavos de dólar por quilo de algodão enquanto que o pequeno produtor da África do Oeste não recebe nem 40 centavos.

Acabar com os subsídios não resolve

A ministra alemã da Ajuda ao Desenvolvimento pretende empenhar-se pela redução dos subsídios ao algodão. O primeiro passo será convencer os ministros da Agricultura da União Européia.

Caso cheguem a um acordo, os europeus teriam como pressionar os Estados Unidos na conferência internacional a realizar-se em junho de 2004, cujo objetivo é estabelecer diretrizes para um comércio mundial de algodão justo e livre.

Mas acabar com os subsídios não é só o suficiente, afirma Regina Ecker, que coordena o trabalho da Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ) no Benin. No pior das hipóteses a situação dos agricultores pode continuar na mesma, diz Ecker.

O lucro seria repartido entre os comerciantes e outras empresas envolvidas no sistema do comércio mundial. O importante é que o lucro obtido com melhores preços seja embolsado não pelos intermediários, mas sim pelos produtores.

De fato, o tempo urge. O baixo preço do algodão no mercado mundial está aumentando cada vez mais a miséria em vários países pobres da África, como o Benin.