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Nobel de Literatura

6 de outubro de 2011

Academia Sueca justifica escolha afirmando que, "por meio de suas imagens condensadas e translúcidas, ele nos dá um acesso novo à realidade". Tranströmer é o mais conhecido entre os poetas escandinavos vivos.

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Poemas de Tranströmer são ricos em metáforasFoto: dapd

O sueco Tomas Tranströmer, o mais popular poeta vivo da Escandinávia, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2011. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (06/10) em Estocolmo pela Academia Sueca.

Segundo a instituição, o poeta de 80 anos foi escolhido porque, "por meio de suas imagens condensadas e translúcidas, nos dá um acesso novo à realidade". O Nobel de Literatura tem o valor de 10 milhões de coroas suecas, cerca de 1,1 milhão de euros.

Tranströmer é um dos poetas vivos mais traduzidos em todo o mundo, cuja obra incide sobre a morte, a História, a memória e a natureza, afirmou a Academia Sueca.

O poeta natural de Estocolmo era considerado nos últimos anos um dos favoritos para levar o mais famoso prêmio da literatura mundial. A última vez que o Nobel ficou na Suécia foi em 1974, quando Eyvind Johnson e Harry Martinson foram os vencedores.

Estilo introspectivo

Os poemas de Tranströmer são ricos em metáforas e imaginação, com cenas simples da vida cotidiana e da natureza. "A existência de um ser humano não termina onde seus dedos terminam", escreveu um crítico sueco sobre os poemas de Tranströmer, que, nas palavras do crítico, são como "orações laicas".

Tomas Tranströmer
Tranströmer ficou surpreso e admirado ao receber a notíciaFoto: picture-alliance/dpa

A reputação de Tranströmer nos países de língua inglesa se deu através de sua amizade com o poeta americano Robert Bly, que traduziu algumas das obras para o inglês. Os poemas de Tranströmer foram traduzidos para mais de 50 idiomas.   

Seu estilo introspectivo já foi descrito como místico, versátil e triste, em flagrante contraste com sua vida, que mostra um ativo e constante interesse em trabalhar por um mundo melhor, e não apenas escrever.

Poética da natureza humana

Nascido em 15 de abril de 1931, Tranströmer foi criado pela mãe, depois que ambos foram abandonados pelo pai. Ele se formou em psicologia em 1956 e começou a trabalhar numa instituição para jovens delinquentes. Ele também trabalhou com deficientes físicos, presos e viciados em drogas. Ao mesmo tempo, construiu uma ampla obra poética.

Ainda quando estudava psicologia, com apenas 23 anos, Tranströmer publicou sua primeira coletânea de poesias. Dezessete poemas foi lançado pela editora Bonnier, uma das mais importantes do norte da Europa, que descreveu a poesia de Tranströmer como “uma análise permanente do enigma da identidade pessoal, confrontado com o labirinto de diversidade do mundo”.

Em 1966 ele ganhou o prêmio sueco Bellman, seguido por importantes prêmios como o alemão Petrarca e o Prêmio Nórdico da Academia Sueca. Em 1997 a cidade de Vaesteraas, onde o poeta viveu por três décadas, criou um prêmio especial com o nome do poeta.

Derrame afetou a fala

Em 1990, quando já havia publicado dez livros de poesias, Tranströmer sofreu um derrame que afetou sua capacidade de falar. Depois de uma pausa de seis anos, ele lançou Gôndola dolente, que vendeu mais de 30 mil cópias, uma tiragem alta para livros de poesia.

Após o sucesso, Tranströmer passou mais de oito anos sem publicar, retornando apenas em 2004 com uma coletanea de 45 haikais, poemas curtos em estilo japonês, evocando a natureza ou as estações do ano.

Desde então a música se tornou o aspecto mais importante da vida do poeta. Ele toca piano diariamente, apesar dos movimentos de sua mão direita terem sido afetados pelo derrame, e passa as manhãs ouvindo música clássica.

Tranströmer, que foi diversas vezes cotado para vencer o Nobel, vive em Estocolmo com sua mulher Mônica e suas duas filhas. Segundo Peter Englund, da Academia Sueca, Tranströmer ficou surpreso e admirado ao receber o prêmio. “Ele estava sentando ouvindo música e disse que era ótimo ser o vencedor.”

MAS/rtr/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler