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Terrorismo 2.0

Mathias Boelinger (lk)29 de junho de 2007

A internet possibilita à Al Qaeda reformular sua propaganda. Uma rede de fóruns de discussão facilita a comunicação dos terroristas entre si e a arregimentação de simpatizantes.

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A rede mundial como instrumento de propaganda

A Al Qaeda é denominada com freqüência de "rede terrorista". Diferentemente da organização alemã de extrema esquerda RAF (Fração do Exército Vermelho), ela não tem uma estrutura rígida; é uma união informal de grupos autônomos espalhados pelo mundo inteiro. Justamente porque o movimento do Jihad é descentralizado é que a internet lhe fornece possibilidades que teriam sido impensáveis para movimentos terroristas no passado.

O acesso tornou-se muito mais fácil especialmente para os simpatizantes, afirma Ulrich Schneckener, especialista em terrorismo do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança (SWP). "Dá para fazer perguntas, receber respostas. Antigamente, era muito difícil para os terroristas se comunicar com seus simpatizantes."

Faz mais de um ano que os jihadistas se reorganizaram na internet. Antigamente cada um dos diferentes grupos mantinha na web sua própria homepage, que às vezes era detonada por hackers ou retirada da rede pelas autoridades. Hoje os grupos recorrem sobretudo a tecnologias interativas do tipo das utilizadas pela Web 2.0.

O fórum de discussão como canal do terrorismo

Os mais importantes grupos terroristas operam há cerca de um ano e meio uma rede de fóruns na internet, por meio da qual se desenrola a comunicação sobre todos os conteúdos de relevância. Além de proporcionar ao usuário informações rápidas sobre as novidades, a vantagem é que o prejuízo seria mínimo, se um ou dois desses fóruns fossem retirados da rede, já que há troca de conteúdos entre eles todos.

De qualquer forma, a exclusão da rede é uma possibilidade remota, pois os terroristas tomam cuidado para só operar com provedores situados em países em que eles não precisam temer a intervenção das autoridades. E as pistas eletrônicas que pudessem fornecer vestígios sobre as pessoas envolvidas são cuidadosamente eliminadas.

Osama bin Laden Botschaft
Presença constante na rede: Osama bin LadenFoto: AP

A maioria dos sites dos jihadistas dispõe tanto de setores abertos, em que os visitantes podem escrever comentários e perguntas, como de setores administrativos, reservados a comunicados dos líderes. O controle desses fóruns fica a cargo de uma instância denominada Al Fayr – a Aurora. Ninguém sabe o quê ou quem está por trás desse nome. Os serviços secretos consideram a Al Fayr a agência central de informação do movimento Jihad.

"Se nesses fóruns aparece um material que não é desmentido, é provável que esse material seja autêntico", esclarece o Departamento Federal alemão de Proteção da Constituição em resposta a uma consulta. O fato de o material nesses fóruns ser proveniente de diferentes fontes proporciona aos serviços secretos e à polícia informações sobre debates internos entre os jihadistas.

Busca da opinião pública

Os conteúdos mais importantes desses fóruns são justificativas religiosas do terrorismo ou questões estratégicas. Por exemplo, a questão sobre se é permitido ou não matar civis. Além disso, eles divulgam vídeos com ameaças ou assumindo a responsabilidade por um determinado ato. Acredita-se também que esses fóruns sirvam para arregimentar novos membros para as organizações.

Além do mais, os terroristas buscam o contato com a opinião pública, ao expor na web, por exemplo, os "troféus" do Jihad: vídeos que documentam atentados ou a execução de reféns.

"Justamente os vídeos que mostram reféns sendo decapitados evidenciam a importância que a internet tem para os terroristas", diz Ulrich Schneckener, do SWP. Nenhuma emissora de televisão hoje está disposta a exibir esses vídeos. Mas, graças aos fóruns na internet, os radicais conseguem assim mesmo levar as imagens ao conhecimento do grande público. Pois, a partir do momento em que elas surgem na internet, os meios de comunicação no mundo inteiro veiculam a notícia a respeito delas.