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Toyota quer encostar nas grandes da F1

Marcio Weichert, enviado a Colônia17 de janeiro de 2004

Apresentado em Colônia, novo carro de F1 da Toyota parece por fora bem diferente do da temporada anterior. Mas, segundo a equipe, o TF104 é fruto de evolução e não de uma revolução. DW-WORLD também esteve no lançamento.

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O TF104 e seus pilotos: Panis, Zonta e Cristiano da MattaFoto: DW/Marcio Weichert

Encostar nas grandes equipes de Fórmula 1 na temporada deste ano é o objetivo da Panasonic Toyota Racing, única equipe de Fórmula 1 sediada na Alemanha. No lançamento do novo carro TF104 neste sábado em Colônia, o melhor piloto da escuderia em 2003, o brasileiro Cristiano da Matta, citou claramente as metas: quinto lugar entre os construtores, ou seja, somente atrás de Ferrari, McLaren-Mercedes, Williams-BMW e Renault, e até a décima colocação entre os pilotos.

Caçula na F1, com apenas dois anos na elite do automobilismo mundial, a Toyota somou na temporada passada 16 pontos, deixando para trás as veteranas Jordan e Minardi. Já Cristiano da Matta, de 30 anos, terminou em sua estréia na Fórmula 1 com dez pontos, à frente do parceiro francês Olivier Panis, que aos 37 já disputou dez mundiais.

Derrotar agora ao menos um dos pilotos das grandes escuderias seria uma sensação. Um sonho não impossível, mas difícil de concretizar, avalia o mineiro de Belo Horizonte. Apesar dos progressos, Cristiano descarta completamente, porém a possibilidade de a Toyota vencer um grande prêmio em 2004. Novo diretor técnico de chassis, Mike Gascoyne ressalta que ficar na primeira fila do grid é ainda um objetivo de longo prazo.

Preocupação no 1: durabilidade do motor

Todos estão entretanto otimistas com o novo carro desenvolvido na periferia de Colônia. "O carro já deu de cara uma melhora em relação ao do ano passado. Em termos de durabilidade também foi um grande sucesso, já que a gente percorreu em três dias cerca de 300 quilômetros (no circuito francês de Paul Ricard), o que não é comum para primeiros treinos, pois sempre tem muitos probleminhas, o que não ocorreu", afirmou Cristiano da Matta.

Durabilidade é aliás a palavra de ordem na Fórmula 1. As novas regras determina um único motor por carro para todo um fim de semana, ou seja, tanto nos treinos quanto no grande prêmio. Até 2003, a vida útil dos motores era praticamente de um dia.

Panasonic Toyota Racing - Präsentation des TF104 in Köln
O design aerodinâmico do novo modelo nada lembra o antecessorFoto: DW/Marcio Weichert

"Tivemos de dobrar a expectativa de vida do motor de 400 para 800 quilômetros. O RVX-04 deve melhorar a durabilidade, sem comprometer o desempenho de 2003", ressalta o italiano Luca Marmorini, diretor técnico de motores. Líder nas estatísticas alemãs de durabilidade de seus carros de passeio, a Toyota só não viu ambos de seus modelos de F1 chegarem ao fim de três das 16 corridas da temporada passada.

Novo visual, melhoria na aerodinâmica

Assim como o curitibano Ricardo Zonta, piloto de testes da escuderia, o mineiro de 30 anos ressalta a estabilidade do TF104 nas freadas nas entradas das curvas como principal avanço. De acordo com o desenhista-chefe, o alemão Gustav Brunner, o carro foi inteiramente recriado. "Olhamos tudo de novo. Nada ficou intocado", declarou. Zonta, entretanto, diz que visualmente é fácil notar as diferenças, mas a base, sobretudo parte da suspensão, é igual à de 2003.

De fato, a carroceria do TF104 pouco lembra a do antecessor. "Aerodinâmica é em geral a chave do sucesso na Fórmula 1", observou o diretor técnico Keizo Takahashi. Um dos aperfeiçoamentos neste sentido foi a diminuição do tamanho da caixa de marchas. "O câmbio ficou menor, mas seu desempenho parece ter permanecido igual", elogia Cristiano.

"Agora estamos nos beneficiando enormemente de termos em operação nosso próprio túnel de vento", argumenta Takahashi. O equipamento é o maior do complexo de 30 mil metros quadrados no bairro de Marsdorf, em Colônia. A Toyota orgulha-se de ser das poucas equipes que desenvolve e constrói seus próprios carros sob um único teto. Ao todo, 600 funcionários de 32 nacionalidades trabalham na subsidiária de automobilismo da montadora japonesa.

Futuro incerto dos brasileiros em 2005

Ricardo Zonta
Ricardo Zonta: saudade dos grandes prêmiosFoto: DW/Marcio Weichert

A temporada está para começar. Com contratos somente até o fim dela, Cristiano da Matta e Ricardo Zonta ainda não sabem do futuro. "Não há qualquer negociação em andamento, nem estou pensando nisto", afirmou o mineiro a DW-WORLD. "Eu sinto falta de correr, mas a profissão de terceiro piloto é muito importante hoje na Fórmula 1 e estou feliz de estar na Toyota", disse o curitibano, que atribui a sua inexperiência na época a perda do status de piloto de corridas na F1 (disputou os mundiais de 1999 e 2000 pela equipe BAR). Zonta ressalta que amadureceu e gostaria de voltar a pilotar em grandes prêmios, mas "a concorrência na F1 está muito grande".

Chefe da escuderia, Tsutomu Tomita acha fácil explicar por que a Toyota tem dois brasileiros entre seus três pilotos de Fórmula 1, além de Roberto Streit, de 20 anos, na Fórmula 3 européia. "Não é por causa da nacionalidade, mas porque são bons pilotos", responde sorridente o japonês.