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Mão-de-obra especializada

Vera Möller-Holtkamp (as)29 de novembro de 2007

Cada vez mais eletricistas, carpinteiros e outros profissionais alemães encontram ocupação no exterior. O motivo é a boa formação oferecida na Alemanha e uma demanda cada vez maior nos demais países europeus.

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Carpinteiros alemães, como este de Brandemburgo, são cada vez mais requisitadosFoto: picture-alliance / ZB

O eletricista Friedhelm Müller termina de fazer as malas de olho no telefone. Ele espera por uma ligação da oficina mecânica. Quando o check up de inverno do seu carro estiver pronto, Müller poderá partir, no mais tardar às 22h. A viagem rumo ao norte durará a noite inteira. Às 11h do dia seguinte, ele descerá do ferry em Oslo, sua nova cidade.

Müller deixará para trás a sua casa, onde mora com a esposa e os três filhos já adultos. A esperança é que ao menos a esposa o acompanhe caso seus planos dêem certo. O eletricista de 48 anos é um dos vários trabalhadores especializados alemães que estão tentando a sorte no exterior por terem poucas perspectivas na Alemanha.

Trabalho na Noruega

O novo empregador de Müller é a empresa Nordisk Handvaerk. Trabalhadores como o eletricista alemão são muito procurados na Noruega. Calcula-se que já haja mais de 53 mil no país. Apenas na Nordisk Handvaerk há 240 alemães empregados. Nos canteiros de obras da reconstrução do hospital central de Oslo, da nova ópera da cidade ou de uma colônia de férias nas montanhas também se fala alemão.

O recrutador da Nordisk Handvaerk, Lasse Schmackelsen, afirma ter tido boas experiências com trabalhadores alemães. "Eles são extremamente motivados", afirma. No país escandinavo, um trabalhador ganha 21 euros por hora, quase o dobro do que é pago na Alemanha, onde a média está em 11 euros. O custo de vida mais elevado é compensado com benefícios extras oferecidos pelas empresas, como moradia e vestimenta para o trabalho.

Friedhelm Müller
Friedhelm Müller foi procurar trabalho na NoruegaFoto: DW

"Trabalhadores alemães são procurados porque têm uma boa formação", afirma Schmackelsen. É um elogio ao sistema de formação profissional alemã, que combina a sala de aula com a prática e é uma garantia de sucesso para os profissionais alemães em outros países da Europa. A formação dura em média três anos. Para abrir um negócio próprio, é necessário ter um diploma de mestre, o que significa mais três ou até mesmo cinco anos de estudo.

Banheiros no padrão alemão

Na Europa, apenas a Áustria e Luxemburgo têm um sistema parecido com o alemão. "Na maior parte dos países europeus, a formação é muito mais curta e, além disso, com menos prática", afirma o porta-voz da União Central dos Artesões Alemães, Alexander Legowski. "Depois de formado, um ladrilhador alemão conhece tudo sobre o seu ofício e provou na prática que possui qualidades importantes, como a pontualidade e a capacidade de trabalhar em equipe."

Em torno de 6% do faturamento dos trabalhadores especializados alemães é obtido no exterior. Não apenas devido ao trabalho dos que imigraram, mas também por causa de projetos de empresas alemãs no exterior. "Isso não é muito se comparado com a indústria", comenta Legowski. "Mas na difícil conjuntura atual, muitos setores reconhecem as oportunidades que o exterior oferece."

Elektriker bei der Arbeit
Eletricista alemão na SuíçaFoto: Picture-Alliance/KEYSTONE

Go East é a nova tendência em regiões próximas às fronteiras com os países do Leste Eruopeu. "A classe alta da Polônia, da Hungria ou da República Tcheca quer um banheiro nos padrões alemães, o que aumenta a procura por trabalhadores alemães", explica Legowski.

A boa fama dos alemães é confirmada por Andreas Gfall, diretor da Bayern Handwerk International, um escritório que coordena a ocupação de mão-de-obra bávara em outros países europeus. Áustria, Suíça, Itália e Espanha são os principais destinos dos bávaros. Na Espanha, as empresas alemãs estão presentes em regiões de férias, como a Costa de Sol.

Conhecimentos de línguas

"A qualidade dos mestres alemães é muito procurada", afirma Gfall. Um exemplo é o carpinteiro Hans Nottelmann. Ele terminou sua formação profissionalizante em 2001 na Alemanha e foi para a Espanha. Em Sant Cugat, nas proximidades de Barcelona, o carpinteiro de 32 anos possui uma oficina, onde emprega um funcionário e um aprendiz.

Nottelmann diz trabalhar praticamente sem concorrência. "Apenas alguns poucos velhos espanhóis dominam o ofício depois que o ensino de profissões artesanais foi encerrado, nos anos 80", explica. Não é sem motivo, portanto, que o norueguês Schmackelsen lamenta os poucos conhecimentos de línguas estrangeiras dos profissionais alemães. Como no caso do eletricista Müller, que vai para a Noruega sem falar a língua local. Mas ao menos ele fala inglês. E o que se espera dele, mesmo, é que seja um bom eletricista.