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Trabalhar mais ou ser flexível?

(pc)15 de outubro de 2003

O aumento da jornada de trabalho é apontado como uma solução para os tempos de crise. Mas muitas empresas, como as montadoras de automóveis, estão apostando na flexibilidade.

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Produção de computador da SiemensFoto: AP

O presidente da Siemens, Heinrich von Pierer, defende o aumento da jornada de trabalho como forma de diminuir os custos de produção, aumentando assim a competitividade da indústria alemã. Este ponto de vista é compartilhado pelos políticos conservadores: “Precisamos trabalhar mais pelo mesmo dinheiro”, afirma Angela Merkel, presidenta da CDU (União Democrata Cristã) e líder da oposição.

De fato, desde a segunda metade do século 20 os alemães trabalham cada vez menos, seguindo a tendência mundial. Em 1960, trabalhava-se em média 2162 horas por ano; atualmente são apenas 1444 horas. Hoje um trabalhador alemão dispõe de 90 dias livres a mais que em 1960.

Em compensação, enquanto em 1960 a Alemanha buscava imigrantes para suprir a demanda do seu mercado de trabalho, hoje o desemprego crônico tornou-se um problema social. Em agosto de 2003, havia 4,3 milhões de desempregados oficialmente registrados.

A polêmica da jornada de trabalho expõe claramente o conflito de classe: os patrões querem diminuir os custos aumentando a jornada de trabalho; os sindicatdos se opõem. Aumentar o número de horas trabalhadas é uma forma de diminuir o salário, afirma Frank Bsirske, presidente do Verdi, o maior sindicato de prestadores de serviços do mundo.

Montadoras propõem soluções flexíveis

A polêmica da jornada de trabalho é em muitos pontos irrelevante na opinião de vários analistas, como Peter Strüven do BCG (Boston Consulting Group). Uma hora a mais ou a menos não significa muita coisa para a economia alemã; a flexibilização do trabalho pode trazer muito mais resultado, diz ele.

Em matéria de flexibilidade, as montadoras de automóveis vêm propondo, desde há alguns anos, soluções exemplares. A BMW adotou um sistema que permite utilizar suas máquinas durante até seis dias por semana. Quando a demanda está forte, os empregados trabalham mais tempo, acumulando horas extras; e quando a demanda enfraquece eles ficam em casa descontando as horas excedentes.

A Volkswagen, maior montadora européia, adotou uma solução ainda mais inovadora. Os empregados trabalham durante quatro dias por semana, entre 28,8 e 38,8 horas. A partir de 28,8 horas, eles acumulam bônus de carga horária, que são descontados em períodos de vacas magras.

Peter Hartz, diretor de Recursos Humanos da Volkswagen, lançou uma idéia para tornar o sistema ainda mais eficiente: os novos empregados iniciam a carrreira trabalhando 40 horas por semana e, gradativamente, têm sua jornada de trabalho reduzida para 30 horas semanais. Dessa forma eles alcançam uma média de 35 horas por semana ao longo de sua vida profissional.

Empregados apóiam flexibilidade

Na Alemanha, a flexibilidade no trabalho é uma idéia que esta se implantando na mente dos trabalhadores. Por outro lado, nos atuais tempos de crise, é cada vez maior o número de pessoas que se dispõem a trabalhar mais.

Segundo pesquisa do Instituto de Demoscopia Allensbach, 71% dos entrevistados aceitam trabalhar mais horas ganhando o mesmo salário, se houver ameaça de perder o emprego.