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Traficante estrangeiro forçado pela polícia a ingerir medicamento encontra-se à morte

Soraia Vilela11 de dezembro de 2001

Africano obrigado a ingerir indutor de vômitos, sob suspeita de tráfico de drogas, encontra-se à morte na UTI. Cresce número de mortos por consumo de drogas pesadas entre imigrantes do Leste Europeu.

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Dois dias depois de ser forçado a ingerir um medicamento indutor de vômitos, o africano de 19 anos, acusado pela polícia de Hamburgo por tráfico de drogas, encontra-se hospitalizado em estado muito grave. Segundo informaram especialistas, as chances de sobrevivência do jovem são mínimas. O rapaz sofreu uma parada cardíaca imediatamente após receber o medicamento e, em conseqüência disso, apresentou lesões cerebrais graves.

Ipecacuanha -

O jovem, proveniente da República dos Camarões, já havia sido detido pela polícia alemã várias vezes sob a acusação de tráfico de drogas. No Instituto de Medicina Legal de Hamburgo, ele teria se negado veementemente a ingerir o indutor de vômitos por via oral. Após duas tentativas vãs de fazê-lo engolir a substância Ipecacuanha, especialistas do instituto introduziram uma sonda no estômago do africano, que desmaiou imediatamente. No aparelho digestivo do acusado foram encontradas em seguida 41 pílulas contendo drogas.

O Conselho Médico de Hamburgo exigiu na última segunda-feira (10) da administração da cidade a proibição do uso de indutores de vômitos em suspeitos de tráfico de drogas, o que será, segundo informou a prefeitura da cidade, bastante improvável. Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Policiais, Holger Bernsee, o uso dos indutores de vômitos é indispensável no processo de investigações do tráfico de drogas. Bernsee afirmou que a Ipecacuanha é utilizada há mais de dez anos em vários estados alemães. O incidente em Hamburgo teria sido o primeiro desde então.

Imigrantes -

O número de mortos em conseqüência do consumo de drogas cresceu vertiginosamente no país entre imigrantes jovens do Leste Europeu de origem alemã. Segundo informou o governo federal, houve 36 vítimas em 1999 e 162 no último ano, o que significa um aumento de 320% do número de jovens mortos.

A especialista do governo federal para questões relativas ao consumo de drogas, Marion Caspers-Merk, acentuou nesta terça-feira em Berlim a necessidade de maiores esforços por parte do governo em prol da integração desses jovens. Segundo Caspers-Merk, metade deles já chegam à Alemanha dependentes de ópio, por virem muitas vezes de regiões em que a heroína é mais barata e mais "pura".

A representante do governo federal anunciou o início de novas campanhas de informação e prevenção destinadas a esses jovens. Para o delegado do governo responsável pela integração dos imigrantes do Leste Europeu que têm cidadania alemã, Jochen Welt, as campanhas devem ser iniciadas já nos países de origem dos jovens, como a Rússia e o Cazaquistão, por exemplo.

As vítimas do consumo de drogas pesadas têm entre os imigrantes do Leste Europeu de origem alemã em média 27 anos, o que significa quatro ou cinco anos menos do que a média de idade das outras vítimas de drogas em todo o país.