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Tragédia não derruba projeto de Transrapid para Munique

(gh)25 de setembro de 2006

Governo da Baviera mantém planos para construir ferrovia de flutuação magnética entre o aeroporto e o centro de Munique. Continuam negociações para exportar tecnologia para a China.

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Trecho de Xangai é deficitárioFoto: AP

Apesar do acidente ocorrido no trecho de testes do trem de suspensão magnética, que matou 23 pessoas e feriu outras dez na sexta-feira (22/09) em Lathen (Baixa Saxônia), continua de pé o projeto de uso comercial da tecnologia do Transrapid na Alemanha.

O secretário de Finanças da Baviera, Erwin Huber, disse que é impossível ocorrer em Munique um acidente como o que aconteceu na região de Emsland, no norte do país. "Um trecho de testes está sujeito a outras exigências do que um trajeto comercial, que terá um sistema de segurança tecnicamente mais maduro", afirmou.

Wolfgang Tiefensee zum Transrapid Unglück
Tiefensee (d): acidente não afeta projeto de MuniqueFoto: AP

Também o ministro dos Transportes, Wolfgang Tiefensee, garantiu que o projeto de construção dos 37 km de trilhos para o trem magnético entre o aeroporto e o centro de Munique não foi atingido pela tragédia de sexta-feira.

Opinião semelhante foi manifestada pelo perito em transportes da bancada da União Democrata Cristã (CDU) no Bundestag, Dirk Fischer. "Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O acidente com o ICE em 1998 em Eschede [veja link abaixo] também não significou o fim da companhia Deutsche Bahn", comparou.

O projeto de Munique deve custar entre 1,6 e 1,8 bilhão de euros. Os governos federal e estadual ainda não chegaram a um acordo sobre o financiamento: Berlim prometeu 550 milhões de euros; a companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn pretende participar com 185 milhões de euros, valor semelhante ao que o Estado da Baviera está disposto a gastar. Falta ainda mais de meio bilhão de euros.

Negócio da China

O consórcio do Transrapid, formado pela ThyssenKrupp e Siemens, argumenta que é preciso ter um trecho referência na Alemanha, para poder vender a tecnologia no exterior, o que foi ancorado inclusive no acordo de coalizão do atual governo.

A porta-voz da Transrapid International, Claudia Hohmann, desmentiu informações divulgadas na mídia alemã de que as negociações com a China estariam prestes a serem interrompidas, após a visita de uma delegação chinesa ao local do acidente na Alemanha. "As negociações continuam", garantiu.

O único trecho de Transrapid em operação comercial no mundo são os 31 km entre o aeroporto e o centro de Xangai. A Alemanha cobre 10% do orçamento de 783 milhões de euros para a operação do trecho. O projeto, previsto como publicidade para a tecnologia alemã do trem de levitação magnética, é altamente deficitário. Em 11 de agosto passado, houve um incêndio no trem, causado por problemas elétricos, mas que não causou vítimas. Há anos, alemães e chineses negociam a ampliação dos trilhos em mais 200 km até a cidade de Hangzhou.

Falha humana?

Transrapid-Unglück
Trem destruído continua nos trilhosFoto: picture-alliance/dpa

Até agora, o "pessimismo tecnológico" que comumente sucede a acidentes graves não ganhou muito espaço na mídia alemã porque as autoridades disseram ter indícios de que a tragédia em Lathen foi causada por falha humana.

No domingo (25/09), representantes do consórcio que desenvolveu o Transrapid admitiram, durante reunião no Ministério dos Transportes, lacunas no esquema de segurança do trecho. Eles, porém, teriam descartado a possibilidade de um acidente semelhante acontecer em Munique, disse Tiefensee.

Os governos federal e do Estado da Baviera encomendaram um parecer técnico independente sobre a segurança do Transrapid. "Este parecer ficará pronto em seis a oito semanas. Se for necessário, melhoraremos ainda mais o projeto de segurança para o trecho em Munique", avisou Huber. Ele disse esperar a autorização para a construção do trajeto em meados do ano que vem.

O porta-voz do Partido Verde no Parlamento alemão, Winfried Hermann, pronunciou-se contra o uso comercial deste tipo de trem na Alemanha. "Além dos complicados problemas de segurança, a tecnologia custa o dobro de uma ferrovia convencional", disse. "Em regiões como o centro da Europa, o Transrapid não é competitivo", acrescentou o vice-líder da bancada verde, Jürgen Trittin.

O trem magnético destruído na colisão em Lathen, o único exemplar do tipo TR08, continua no local do acidente. Ainda não se sabe se o trecho voltará a ser usado. A partir do ano que vem, deveria ser testado no local o TR09, modelo previsto para circular em Munique.