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Jornalista que protestou em TV russa é condenada à revelia

4 de outubro de 2023

Marina Ovsyannikova, atualmente no exílio, foi sentenciada a oito anos e meio de prisão. Em março, ficou conhecida por portar um cartaz contra a guerra na Ucrânia numa transmissão ao vivo.

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A jornalista Marina Ovsyannikova participa de uma coletiva de imprensa em Paris em 10 de fevereiro de 2023.
Marina Ovsyannikov foi acusada de divulgar informações falsas sobre as forças armadas da RússiaFoto: Christophe Ena/AP Photo/picture alliance

Um tribunal de Moscou condenou à revelia nesta quarta-feira (04/10) a jornalista da TV estatal russa Marina Ovsyannikova a oito anos e meio de prisão. Ela ocupou as manchetes internacionais em março de 2022, quando interrompeu um programa ao vivo para denunciar a invasão da Ucrânia.

Captura de tela mostra o protesto da jornalista Marina Ovsyannikova contra a guerra na Ucrânia durante o noticiário do Canal 1 em 14 de março de 2022.
"Eles estão mentindo", dizia o cartaz exibido por Ovsyannikova em emissão ao vivoFoto: NTC/ZUMA Wire/IMAGO

A jornalista de 45 anos foi acusada de divulgar informações falsas sobre o Exército russo. O crime está previsto numa lei adotada logo após o início da guerra, que o Kremlin insiste em chamar de "operação militar especial". 

Jornalista sentenciada por realizar protesto em Moscou

A condenação se refere a um protesto realizado pela jornalista em julho de 2022, quando ela portou cartazes na capital russa afirmando que o presidente russo, Vladimir Putin, "é um assassino, seus soldados são fascistas, 352 crianças foram mortas [na Ucrânia]".

Ovsyannikova foi detida e colocada em prisão domiciliar, mas conseguiu fugir para a França com a filha de 11 anos. Inserida numa lista de procurados, ela foi então processada julgada à revelia. 

De acordo como a decisão do tribunal, Ovsyannikova deve cumprir sentença "numa colônia penal de regime geral". A jornalista também ficou proibida de "participar em atividades relacionadas com a administração de portais de internet ou redes de informação e de telecomunicações".  

Acusações "absurdas e politicamente motivadas"

Numa declaração publicada na terça-feira, Ovsyannikova chamou as acusações contra ela de "absurdas e politicamente motivadas": "Eles decidiram me punir por não ter medo e por chamar as coisas pelo nome. É claro que não admito minha culpa. E não nego nenhuma de minhas palavras. Fiz uma escolha muito difícil, mas a única escolha moral correta em minha vida, e já paguei um preço alto o suficiente por isso."

O advogado de Ovsyannikova, Dmitry Zakhvatov, disse à AFP que levar o julgamento adiante "não tinha sentido", mas que sua cliente ainda apelaria da sentença: "Não há nenhuma chance de sucesso. Até onde sabemos, não há absolvições na Rússia, especialmente quando o caso envolve política."

Em 14 de março, Ovsyannikova já havia provocado o Kremlin ao interromper uma transmissão ao vivo do Canal 1 de Moscou. Na ocasião, apareceu atrás da âncora do noticiário segurando um cartaz que dizia: "Parem a guerra, não acreditem na propaganda, eles estão mentindo para vocês aqui". 

Ovsyannikova deixou seu emprego no canal e foi multada em 30 mil rublos (270 dólares na época) por organizar um ato público sem autorização.

ip/av (AP, AFP, Reuters, Lusa)