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"Turismo médico" traz árabes à Alemanha

Diana Hodaii (ca)20 de outubro de 2005

Pacientes dos países do Golfo Pérsico procuram, com freqüência crescente, tratamento médico em clínicas alemãs.

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Hospitais da Alemanha gozam de alta estima na região do GolfoFoto: AP

O paciente Mohamed tem problemas motores e só se locomove com a ajuda de um carrinho. Além disso, tem dificuldade de articulação verbal, após ter sofrido um grave acidente automobilístico, onde não estava usando cinto de segurança.

Os médicos diagnosticaram que seus músculos estão muito fracos e a concentração falha, por causa da escassez de líquido no corpo. Seu pai exige que ele respeite as regras de jejum do Ramadã e não beba nada durante o dia. O intérprete tenta fazer o papel de mediador.

Rehanova Rehabilitationsklinik in Köln
RehaNova – um dos focos do turismo médicoFoto: Diana Hodali

Após exauridas as possibilidades de tratamento em Abu Dhabi, sua terra natal, Mohamed chegou, em setembro passado, à clínica de fisioterapia e reabilitação motora RehaNova, em Colônia.

Diferenças culturais

Casos como o do paciente de 19 anos estão se tornando freqüentes em hospitais alemães. A fama das instalações hospitalares da RehaNova para tratamento neurológico e neurocirúrgico já se espalhou, nos últimos dois anos, pelos países do Golfo.

De início, o pessoal estava inseguro quanto à forma de tratar os primeiros pacientes árabes que chegaram ao hospital, devido às diferenças culturais. Assim, foi contratada uma treinadora intercultural marroquina, encarregada de explicar as principais diferenças culturais e religiosas a serem observadas.

Um intérprete e um médico de origem egípcia estão sempre à disposição para perguntas e traduções e destacam a importância da presença familiar. Cerca de 10% dos pacientes da RehaNova provêm dos países do Golfo Pérsico – cidadãos normais em sua grande maioria.

Pacientes cobiçados

Rehanova Rehabilitationsklinik in Köln
Espaço para rezar na clínicaFoto: Diana Hodali

Já que eles pagam bem, as clínicas alemãs preparam-se cada vez mais para recebê-los, contando com o intermédio das embaixadas e agências especializadas que estabelecem o contato com os pacientes na região do Golfo.

O diretor médico da RehaNova, professor Thomas Rommel, explica que a clínica não está à caça de pacientes: "Não fazemos propaganda explícita para a nossa clínica. Isto não pegaria bem. Nosso maior objetivo não é angariar pacientes, mas sim oferecer-lhes uma boa reabilitação".

Não existem, até o momento, estatísticas de seu número na Alemanha. Rommel fala em cerca de 125 pacientes dos Emirados Árabes Unidos. Contudo sabe-se que, após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, os cidadãos do Golfo viajam cada vez mais para a Alemanha. Isso está também ligado às dificuldades de se obterem vistos de entrada para os Estados Unidos e o Reino Unido.

Segundo dados do Ministério alemão das Relações Exteriores, mais de 10% dos vistos de entrada foram concedidos por motivos de saúde em 2004. Quem pede visto tem que provar que pode pagar o tratamento e que já marcou consulta num hospital.

Financiados pelo governo

Somente uma pequena parcela dos pacientes organiza e paga seu internamento. Nos Emirados Árabes e Árabia Saudita, qualquer cidadão pode pedir ajuda governamental para tratamento médico. O Ministério da Saúde do respectivo país se encarrega de marcar uma consulta em um hospital responsável e de organizar a viagem da pessoa acompanhante. Um membro da família pode conseguir financiamento completo e, a pedido, até dormir no hospital.

Pacientes preferem a Alemanha

Apesar da boa aparelhagem técnica em vários países árabes, principalmente na Árabia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, ainda há falta de confiança no pessoal local. A grande flutuação de médicos e enfermeiras e a falta de higiene são os principais fatores de evasão do tratamento médico no próprio país.

Geralmente, os pacientes trazem até três acompanhantes. Mas há também os que pertencem às famílias dos xeiques, viajando à Alemanha com um imenso séquito de parentes e serviçais. Pacientes desse tipo são extremamente difíceis de serem contentados.

Os hospitais tentam, na medida do possível, ajustar-se aos pacientes estrangeiros, mas nem sempre é possível satisfazer a todos. Apesar das medidas já tomadas, o "turismo médico" pode se ampliar. E o pessoal dos hospitais ainda precisa de lições especiais no atendimento ao cliente.

Além disso, Dubai tenta fazer concorrência às clínicas alemãs com o seu projeto Healthcare City – um bairro inteiro de hospitais, clínicas especializadas e centros de reabilitação, atraindo pacientes de toda a região do Golfo.