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Turquia é tema polêmico na Alemanha

rw12 de outubro de 2004

Mesmo sem ser candidata oficial à UE, Turquia é assunto controverso. Seja entre os partidos conservadores, que pensam em abaixo-assinado contra a entrada UE, ou na coalizão de governo por causa da venda de tanques.

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Merkel quer só 'parceria estratégica' com AncaraFoto: AP

Os chefes de Estado e de governo da União Européia ainda nem decidiram se vão aceitar a controvertida candidatura da Turquia para ingressar no bloco − tema que fará parte da cúpula da UE em dezembro −, mas dois assuntos polêmicos referentes ao país ocupam as manchetes alemãs nesta terça-feira (12/10): um abaixo-assinado contra a entrada turca no bloco e a venda de tanques à Turquia.

O jornal Financial Times Deutschland declarou nesta terça-feira saber de fonte segura que Berlim decidiu vender centenas de tanques do tipo Leopard II a Ancara. O jornal publicou que o ministro da Defesa, o social-democrata Peter Struck, teria planos de ir à Turquia já em novembro para conversar com seu colega de pasta, Vecdi Gonul, sobre a demanda armamentista.

Tema não é novo

Leopard 2 für die Türkei
O tanque Leopard II das Forças Armadas alemãsFoto: AP

Já há cinco anos o assunto provocara uma crise entre os partidos da coalizão de governo. O envio de mil tanques novos do tipo Leopard II, no valor de 7 bilhões de euros, fracassou por causa da resistência do pequeno parceiro na coalizão de governo. O Partido Verde foi contra, por causa da atitude de Ancara em relação aos curdos.

Este argumento, todavia, dificilmente se manterá se a cúpula da União Européia marcada para 17 de dezembro próximo aceitar a recomendação de sua comissão executiva e iniciar negociações para a aceitação da Turquia. Berlim, por sua vez, insiste em abafar o assunto, argumentando que não há pedidos oficiais de Ancara neste sentido.

Abaixo-assinado contra a Turquia

A sugestão de um abaixo-assinado na Alemanha contra a entrada da Turquia na União Européia havia sido apresentada por Michael Gloss, vice-líder da bancada da União Social Cristã (CSU) e da União Democrata Cristã (CDU) no parlamento. Os chefes dos partidos conservadores, a democrata-cristã Angela Merkel e o social-cristão Edmund Stoiber, governador da Baviera, aplaudiram a idéia, considerada entretanto absurda não só por representantes dos demais partidos, mas entre os próprios correligionários.

Friedbert Pflüger, perito em política externa, e Elmar Brok, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento Europeu (ambos da CDU), acham que o partido deve apresentar sua resistência de outra maneira. Tal linha contesta a política dos governos da CDU, que desde 1963 vinham apoiando o início de negociações pelo ingresso da Turquia na UE.

Esta política de aproximação foi seguida pelo ex-chanceler federal alemão Helmut Kohl (CDU) e é defendida também pelo atual chefe de governo, o social-democrata Gerhard Schröder. Hoje, a democrata-cristã Merkel considera "uma boa idéia" oferecer à Turquia uma parceria privilegiada com a UE, mas sem torná-la membro do bloco.

Concretização muito distante

Mesmo que em dezembro se aprove o início das negociações − o governo alemão é a favor, mas Chipre, por exemplo, ameaça usar seu direito de veto se Ancara não reconhecer o governo cipriota −, a Turquia só se tornaria membro da União Européia em 10 a 15 anos.

O presidente do fórum teuto-turco na própria CDU, Bülent Arslan, criticou severamente a intenção: "Desta forma, se estaria protestando não só contra um país, mas também contra sua população. Nossa imagem diante dos turcos aqui residentes seria prejudicada por muitos anos".

Uma iniciativa, aliás, que pode ter o efeito contrário para seus iniciantes, já que 2006 será ano de eleições federais na Alemanha, país de 2,6 milhões de turcos, entre os quais milhares de eleitores naturalizados alemães.