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Turquia, Grécia e Polônia: posições distintas sobre Merkel e eleição alemã

S. Sokollu / R. Romaniec / J. Papadimitriou (sv)17 de setembro de 2013

Nos três países, as reações a Angela Merkel e à campanha eleitoral alemã são respectivamente críticas, negativas e benevolentes. Por motivos distintos.

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Foto: Reuters

Quase ninguém na Turquia torce para que a chanceler federal Angela Merkel, e seu partido, a União Democrata Cristã/União Social Cristã, em coligação com o Partido Liberal Democrata, vençam as eleições parlamentares. "O governo alemão toma as rédeas na União Europeia (UE) quando o assunto é rejeitar o ingresso da Turquia no bloco", justifica em entrevista à DW Emre Gönen, cientista político no Instituto Europeu da Universidade Bilgi, em Istambul. Para muitos turcos e também para o governo do país, Merkel simboliza essa postura de rejeição da UE à Turquia.

Durante os protestos no Parque Gezi, no país, as divergências entre Berlim e Ancara se acirraram ainda mais: Merkel criticou a conduta da polícia com os manifestantes, chamando-a de "rígida demais", e o premiê turco Egemen Bagis respondeu: "Se Merkel está procurando um tema de política interna para dissecar, que não seja a Turquia", alfinetou.

Descendentes de turcos na Alemanha

Além do possível ingresso do país na UE, outro fator que contribui para o interesse dos turcos pelas eleições alemãs é o alto número de cidadãos do país vivendo na Alemanha. Especialistas turcos não esperam, contudo, mudanças substanciais na posição alemã após o pleito, nem mesmo se houvesse uma mudança de poder no Bundestag.

Emre Gönen
Emre Gönen, cientista político no Instituto Europeu da Universidade Bilgi, em IstambulFoto: Senada Sokollu

Os turcos que vivem na Alemanha se beneficiariam com uma coalizão, por exemplo, com participação do Partido Verde, aponta Fatma Yilmaz-Elmas, cientista política do Centro de Estudos Europeus: "Os Verdes defendem pelo menos a dupla nacionalidade para os turco-alemães. Isso já seria uma boa evolução", opina.

Interesse grego pelas urnas alemãs

Na Grécia, a eleição alemã é tema das manchetes de jornais, nos quais se sugere que a discussão em torno de um terceiro pacote de ajuda para a Grécia em plena campanha eleitoral poderia ser um mecanismo para angariar votos.

A posição dos gregos frente às eleições alemãs é dividida, explica Tassos Tsakiroglou, especialista em política do Jornal dos Redatores. "Alguns dizem que poderia haver – independentemente do resultado das urnas – uma mudança substancial na Alemanha, de forma que uma redução das dívidas gregas não seria mais tabu", afirma Tsakiroglou.

Uma medida como essa, diz ele, só poderia, porém, ser divulgada depois das eleições, porque não é vista com bons olhos pelos eleitores alemães. "E outros temem uma mudança em sentido contrário, ou seja: novas exigências alemãs de medidas de austeridade, e mais drásticas", finaliza Tsakiroglou. Ele acredita, no entanto, que seja qual for o resultado da votação, os gregos não deveriam esperar nenhuma mudança radical na Alemanha após o pleito.

Falta vigor e conteúdo na campanha

Entre a opinião pública alemã, a atual chanceler federal alemã é apresentada na maioria das vezes como uma parceira confiável na Europa. A simpatia por Merkel se tornou tanto maior quando se veio a público que seu pai era polonês. "Quando ela falava antigamente que era fã da Polônia, pensávamos que era por causa de viagens que ela tinha feito ao país na época do comunismo. Hoje, essas palavras encontram-se num contexto totalmente diferente", escreve o maior diário polonês, a Gazeta Wyborcza.

Adam Krzeminski polnsicher Publizist und Journalist
Adam Krzeminski, escritor e jornalista polonêsFoto: Creative Commons/Mariusz Kubik

De maneira geral, contudo, o interesse da mídia polonesa pelas eleições alemãs é pequeno. Parte-se do princípio de que Merkel irá continuar governando. O escritor e jornalista Adam Krzeminski critica também a falta de vigor da campanha eleitoral alemã: "Nenhum assunto, nenhum debate, nada sobre o que se pudesse realmente brigar", descreve Krzeminski. Ele questiona se "as fraquezas estruturais dos social-democratas" podem ser responsabilizadas, pois o partido, na oposição, não engrenou com força na campanha.

E num ponto Krzeminski dá razão a Peer Steinbrück: o social-democrata vê no passado de Angela Merkel (ela cresceu na ex-Alemanha Oriental) seu desinteresse pela Europa. "O pensamento de comunidade na Europa não era algo conhecido dos cidadãos lá", diz o jornalista, apontando "uma pontinha de verdade" nas polêmicas declarações de Steinbrück.