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Turquia impõe condições para apoiar EUA contra o Iraque

Paulo Chagas17 de julho de 2002

Em troca do apoio a uma ofensiva militar dos Estados Unidos contra o Iraque, a Turquia exige que Washington rejeite oficialmente a criação de um Estado curdo no norte do Iraque.

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O vice-secretário americano da Defesa, Paul Wolfowitz, foi angariar apoio da TurquiaFoto: AP

O vice-secretário americano da Defesa, Paul Wolfowitz, afirmou em Ancara, nesta quarta-feira (17), que o objetivo dos Estados Unidos é implantar um regime democrático no Iraque. Isto, segundo ele, beneficiaria também a Turquia.

O Iraque apóia o terrorismo e possui armas de destruição em massa; o mundo não pode conviver com um regime como este, disse Wolfowitz. Mas na Turquia, uma ação militar contra o Iraque é vista com ceticismo.

Wolfowitz encontrou-se na terça e quarta-feira com o primeiro ministro turco Bulent Ecevit, o ministro da Defesa, Sabahattin Cakmakoglu, e o chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Huseyin Kivrikoglu. Ele assegurou aos turcos que os Estados Unidos não apoiarão a criação de um Estado curdo no norte do Iraque.

A Turquia quer também que os Estados Unidos perdoem uma dívida militar de cinco bilhões de dólares, segundo noticiou hoje um jornal turco. O regime de Ancara não consegue superar a crise econômica, apesar do crédito de 16 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional.

Base para ataques

Numa possível operação militar contra o Iraque, a Turquia desempenharia um papel chave, assim como na Guerra do Golfo, há onze anos. Os aviões de combate americanos, que há anos patrulham a zona de exclusão aérea do norte do Iraque, pousam e decolam da base turca de Inserlik, que na Guerra do Golfo serviu também de base para os ataques.

Os Estados Unidos têm interesse em manter boas relações com a Turquia, que além de sua posição estratégica, comanda atualmente a tropa internacional de paz do Afeganistão. Tudo indica que a Arábia Saudita não permitirá que os Estados Unidos usem suas bases para atacar o Iraque.

Se os turcos também recusarem, os americanos teriam de usar seus porta-aviões e as bases do Barein e Catar. Isto não é nenhuma alternativa, segundo William Cohen, ex-secretário americano da Defesa.

Turquia na União Européia

Já no domingo o vice-secretário americano elogiou a Turquia como exemplo para o mundo islâmico, exortando a União Européia a admitir este país. Há muitos europeus que estão abertos à entrada da Turquia na UE, e outros que a rejeitam por temer a concorrência, disse Wolfowitz.

Com a Turquia, a Europa seria mais forte, segura, diversificada e rica, segundo ele. Os europeus têm uma oportunidade única de mostrar a 1,2 milhão de muçulmanos, que há um caminho melhor que o terrorismo, integrando a Turquia no seio da União Européia.