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Turquia é de interesse geopolítico europeu

ef3 de setembro de 2003

Chanceler federal alemão, Schröder, apóia ingresso da Turquia na União Européia: "É do interesse geopolítico da Europa e do interesse nacional da Alemanha". Ele rechaçou o contra da oposição como "polêmica barata".

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Gerhard Schröder (direita) e o premier turco, Recep Tayyip ErdoganFoto: AP

O primeiro-ministro da Turquia, o conservador islâmico Recep Tayyip Erdogan, dificilmente poderia esperar de Berlim um apoio tão contundente aos esforços do seu país para ser aceito na União Européia. Durante sua visita à Alemanha, que encerra nesta terça-feira, Erdogan teve também o prazer de ver o puxão de orelha que o chefe de governo alemão, Schröder, deu nos partidos cristãos CDU e CSU, pela maneira como opõem a uma integração da Turquia na UE.

"Eu não tenho a menor compreensão com o fato de que essa questão, que está sendo encarada pelo governo como deve ser, seja tratada agora como polêmica barata e usada de maneira populista com fragor de campanha eleitoral. Isto prejudica os interesses alemães e as relações teuto-turcas", atacou Schröder.

A União Européia

planeja examinar, no final de 2004, se convida a Turquia para negociar a sua integração. Isto vai depender principalmente de duas coisas: se o país reformou com sucesso a sua Justiça e o Estado de direito e se são garantidos os direitos humanos e a proteção das minorias étnicas e religiosas.

A imprensa alemã se fartou com comentários aos elogios de Schröder para as reformas aprovadas no governo de Erdogan. Para o jornal Ostsee Zeitung, foi uma decisão prévia ou, no mínimo, um sinal claro de que o Estado turco criado em 1923 seria bem-vindo à UE ampliada para 25 membros em 2004.

Na opinião do diário de maior tiragem Bild Zeitung, "a coalizão alemã social-democrata e verde se fez motor de uma rápida aceitação da Turquia na UE" . Isto poderia ser também de grande valia para uma reconciliação da Berlim com Washington, que entraram em rota de colisão por causa da guerra no Iraque, segundo o jornal. Os americanos querem que o seu parceiro na OTAN (Turquia) faça parte da UE. Mas, na opinião do Bild, a Alemanha deve ter paciência, porque a Turquia precisa de tempo para encontrar o seu caminho até Bruxelas.

O Süddeutsche Zeitung também acha que a Turquia é um desafio para a UE e que os políticos europeus podem usar as chances e minimizar os riscos ou fazer o contrário. O que não podem mais é ignorar o assunto.

A Anistia Internacional

atestou progressos na política de direitos humanos na Turquia, como a extinção da pena de morte e ampliação dos direitos de opinião e das minorias, mas denunciou a persistência de torturas e maus tratos. Apesar da proibição oficial de tortura, a polícia continua seqüestrando pessoas nas ruas e as torturando fora dos postos policiais.

Foi por falta de garantia dos direitos humanos na Turquia que o Tribunal Administrativo de Colônia proibiu o repatriamento do líder islâmico turco Metin Kaplan. Querendo se livrar do chamado "Califa de Colônia", que defende a criação de um Califado, o ministro do Interior, Otto Schily, recorreu da sentença e foi apoiado pelo chefe de governo. Schröder aproveitou a visita do colega turco, Erdogan para cobrar garantias de um processo justo contra Kaplan na Turquia. Kaplan já cumpriu pena de quatro anos de prisão na Alemanha por ter mandado matar um rival.

A Igreja católica

alemã não tem grande fé nas promessas de Erdogan. As que ele já fez às minorias religiosas turcas teriam sido da boca para fora e não passariam de uma mera fachada para levar a Turquia à UE, segundo comentou o diretor da obra católica Missio, Otmar Oehring. Oficialmente, o governo professa uma separação radical entre o Estado e a religião, mas na prática o Estado constrói e mantém mesquitas e impõe aulas de religião sunita em escolas seculares. A despeito da garantia legal de aquisição de imóveis por parte das minorias religiosas, o Estado continua tentando confiscar imóveis de comunidades e ordens cristãs.