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Tânia Maria

Felipe Tadeu12 de fevereiro de 2007

Pianista e cantora maranhense radicada na França encanta o público de Darmstadt com o concerto "Come With Me", com regência de Jörg Achim Keller.

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Show da artista em Darmstadt teve lotação esgotadaFoto: Felipe Tadeu

A platéia que lotou a Centralstation, em Darmstadt, para assistir ao encontro da Big Band da emissora de rádio Hessischer Rundfunk com um dos artistas brasileiros mais admirados no exterior saiu entusiasmada com o que viu e ouviu. Além de uma Tânia Maria em estado de graça, que cativou a platéia com sua musicalidade e todo seu poder de comunicação, havia também uma orquestra que não negou fogo a um repertório cheio de suíngue e de originalidade a toda a prova.

A orquestra vem surpreendendo as cidades por onde passa não só pela competência de seus músicos, donde se destaca o saxofonista Tony Lakatos, mas também pelos repertórios nada convencionais para uma big band alemã, que já encarou as obras do baixista Jack Bruce, do lendário grupo Cream – power-trio onde atuaram Eric Clapton e Ginger Baker –, bem como do saxofonista Pee Wee Ellis, o inconfundível diretor musical de James Brown que é considerado um dos arquitetos do soul norte-americano. O estilo coloquial de regência do maestro Jörg Achim Keller à frente de 17 instrumentistas confere aos espetáculos de sua banda aura de jovialidade e vigor.

Uma artista admirável

Tânia Maria deixou o Brasil há 32 anos, partindo para um suposto "exílio voluntário", e foi no exterior que conseguiu conquistar prestígio e fama como um dos grandes nomes do chamado jazz brasileiro. "Cheguei na França, primeiro país onde fui fazer meu negócio, e ele foi aceito. Depois fui para os Estados Unidos, meu negócio também foi bem recebido por lá, e ganhei até um prêmio Grammy", conta a artista, que estourou no mundo inteiro na década de 80 com o hit Come With Me, que acabou batizando o projeto com a big band alemã.

Tania Maria
Capa do programa do show 'Come With Me'

O trabalho com a orquestra foi concebido por Olaf Stötzler, empresário da banda. Tanto os arranjos como a escolha do repertório ficaram sob responsabilidade exclusiva da big band, num intercâmbio que agradou em cheio à artista brasileira. "O convite surgiu no ano passado, e o que tocou meu coração foi o interesse deles pelas minhas composições. Jörg Achim é uma grande pessoa, que sempre me faz lembrar muito de Eumir Deodato, que conheci quando tinha 15, 16 anos. Ele tinha os mesmos traços desse maestro", conta Tânia.

A orquestra já tinha prestado homenagem à música brasileira em julho de 2006, quando levou aos palcos Brasileiro – The Music of Hermeto Pascoal, com arranjos de Steffen Schorn.

Brasil, terra estrangeira

Apesar de Tânia Maria gozar de reconhecimento internacional depois de 26 discos lançados no mercado estrangeiro, ela ainda não teve a merecida acolhida junto a seus conterrâneos. Seus álbuns não estão em catálogo no Brasil e seu nome só é pronunciado por aqueles que não se informam só sobre a cultura de seu país pela mídia mais trivial. Tânia Maria permanece como um mistério para o enorme público que admira e consome música no Brasil, um fato que parece enfatizar sérios problemas de auto-estima da nação.

Em março, a pianista, cantora e compositora nascida em São Luís em maio de 1948 estará se apresentando em São Paulo, numa rara oportunidade de vê-la em sua terra natal. "Serão duas semanas num teatro de lá, com oito apresentações que começarão a partir de 22 de março", adianta Tânia Maria, artista que teve a proeza de gravar seu disco de estréia como pianista com apenas 14 anos, o LP Feito pra Dançar, lançado no Brasil.