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UE acaba com concessionárias: venda de carro novo em supermercado?

(am)1 de outubro de 2002

O mês de outubro começou com uma verdadeira revolução nos mercados automobilísticos da União Européia. Agora, as revendedoras de veículos não estão mais presas a contratos de exclusividade com uma única marca.

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A revenda de carros novos não é mais restrita às concessionáriasFoto: AP

A indústria automobilística européia terá de adaptar-se aos novos tempos. Até agora, as montadoras gozaram de uma série de privilégios, desconhecidos em outros setores da economia privada. Podiam, por exemplo, determinar os representantes exclusivos em cada região, fixando sua forma de trabalho nos mínimos detalhes: são as chamadas concessionárias. Esta forma de redes de distribuição vinha, há muito, sendo criticada pelo comércio varejista de modo geral, que via no sistema uma espécie de monopólio controlado pelos próprios fabricantes do produto.

Com a entrada em vigor, em 1º de outubro de 2002, da chamada Portaria de Liberação de Grupos da União Européia, as revendedoras de veículos não estão mais presas à representação exclusiva de uma única marca, podendo ampliar à vontade a sua gama de produtos. Elas podem, além do mais, aproveitar as diferenças de preço nos diversos países da União Européia, adquirindo carros novos onde forem mais baratos, para revendê-los no seu país. E também passam a ter o direito de abrir filial própria em qualquer parte do território da UE. Tudo isto era vedado até agora, através das restrições impostas pelos contratos de concessão das montadoras.

Consertos mais baratos

As mudanças atingirão também o atendimento dos proprietários de veículos. As oficinas mecânicas não-autorizadas podem, a partir de agora, exigir acesso às informações técnicas dos fabricantes, a fim de oferecer um serviço competente de manutenção e de consertos. As revendedoras e as oficinas mecânicas podem encomendar autopeças originais diretamente das fornecedoras da indústria automobilística. A conseqüência esperada é a queda no preço dos consertos e dos serviços de manutenção. Por outro lado, as revendedoras de veículos não terão necessariamente que manter uma oficina própria de atendimento a seus clientes.

As medidas adotadas pela União Européia irão beneficiar também as grandes cadeias de lojas e supermercados. Ao lado de frios, detergentes ou alimentos congelados, o consumidor poderá deparar-se futuramente com ofertas especiais de carros "zero" a preços de ocasião. Parece improvável, no entanto, que os automóveis venham a fazer do estoque usual de vendas dos magazines e supermercados. As ofertas deverão restringir-se a promoções isoladas, nas quais os preços dos veículos poderão ser bem menores que nas revendedoras especializadas, com o intuito de atrair clientes.

Medidas polêmicas

Não há consenso entre os peritos sobre as conseqüências que as medidas da UE poderão ter no preço dos automóveis e dos serviços posteriores de manutenção e conserto. Para os consumidores alemães, contudo, parece certo que a liberalização do mercado trará uma queda dos preços: em média, os carros são mais caros na Alemanha, que em alguns outros países da União Européia.

As enormes diferenças de preço de modelos iguais, nos diversos países, foi a principal razão que levou o Comissário de Livre Concorrência da UE, Mario Monti, a preparar a nova portaria. Mas, mesmo tendo entrado em vigor neste 1º de outubro, a medida não provocou uma mudança imediata e radical nos mercados automobilísticos: para muitos pontos da liberalização foram concedidos prazos de transição que duram, em parte, até o ano de 2005.