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União Européia

DW/Agências (ts/ca)25 de junho de 2008

Especialistas consideram a inserção midiática uma das maiores fraquezas da União Européia. Sendo melhor que sua fama, a UE precisa de políticos mais conhecidos e seus sucessos devem ser mais bem divulgados.

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União Européia precisa de rostos mais conhecidosFoto: picture-alliance / dpa

Segundo pesquisa realizada entre 30 mil cidadãos da União Européia, os irlandeses (65%) são, depois dos romenos (67%), os que possuem a melhor imagem da UE entre os cidadãos dos países-membros.

Ao divulgar o "barômetro europeu", na terça-feira (25/06) em Bruxelas, um porta-voz da Comissão Européia comentou que, com certeza, não foi por problema de imagem da UE que o plebiscito sobre o Tratado de Lisboa fracassou entre os irlandeses.

Na Alemanha, tal imagem positiva recebeu somente 44% de aprovação – cinco pontos percentuais a menos que há seis meses. A média do continente ficou em 48% e, entre os europeus, os austríacos (28%) foram os que menos aprovaram a UE. Apesar disso, estudo da Câmara de Comércio da Áustria mostra que a União Européia é melhor que sua fama.

Pepinos numa caixa

Gurken in Gläsern
Normalização da curvatura de pepinos faz sentidoFoto: dpa

"Um aparato burocrático inchado com leis sem sentido – até mesmo sobre a curvatura do pepino". É com argumentos semelhantes a esse que se critica freqüentemente a UE.

No entanto, segundo o folheto Mitos da União Européia, divulgado pela Câmara de Comércio da Áustria, a UE é melhor que os boatos que circulam sobre ela – histórias que são muitas vezes falsas, se analisadas com mais atenção.

Com 20 mil funcionários, a Comissão Européia é menor que a prefeitura de Hamburgo, com 42 mil empregados. Além disso, foi a própria indústria que exigiu a existência de leis de curvatura do pepino. Segundo a Câmara de Comércio da Áustria, a unificação faz sentido, pois rapidamente podem-se constatar quantos pepinos cabem numa caixa.

Sendo o legislador de três entre quatro leis européias, o Parlamento Europeu não é ineficiente. Somente cinco por cento de seu orçamento de 134 bilhões de euros (2009) está destinado a custos administrativos e de pessoal. Comparado aos 282 bilhões de euro do orçamento federal alemão de 2008, o de Bruxelas para o próximo ano parece bem tímido.

Por que a UE é vítima de seus mitos?

"É difícil fazer desaparecer mitos da face da Terra", explicou Steffen Schulz, porta-voz da Comissão Européia em Bonn. "As mídias os copiam uma das outras e o leitor sempre gosta de ler o que é abstruso", acresceu. A UE não somente é vítima de boatos, mas também não pode usufruir de seus sucessos.

No entanto, ela traz vantagens, não somente para a paz e para o bem-estar social: brinquedos infantis seguros, taxas baratas para celulares, alimentos controlados, incineração limpa do lixo, gasolina sem chumbo, catalisadores.

A lista de leis da União Européia que fazem sentido é longa. Mas por que a UE é vítima de seus mitos, por que a UE tem dificuldade de comunicar tais vantagens aos cidadãos?

Mais transparente e com rostos mais conhecidos

EU Kommission in Brüssel
UE tem menos empregados que a prefeitura de HamburgoFoto: Audiovisual Library European Commission

Esta pergunta preocupou tanto a Comissão que ela passou a financiar projetos que analisam suas deficiências e iniciou o que pesquisadores exigem há anos: uma grande ofensiva de comunicação. As assessorias de imprensa das representações nacionais foram ampliadas e o trabalho de relações públicas passou a ser, no todo, mais bem financiado. Mas existe ainda necessidade de ação, também nas reformas institucionais, afirmam especialistas.

Somente quando a política da UE mostrar-se forte perante conflitos, mais transparente e com rostos mais conhecidos, Bruxelas se tornará mais visível e mais atraente em termos de mídia. Esta relataria mais sobre a UE e seus cidadãos passariam a se interessar e a se informar mais sobre o trabalho do grêmio.

Medidas de bastante efeito

Segundo o cientista político da Universidade de Dortmund, Thomas Meyer, o Tratado de Lisboa, que prevê um encarregado de política externa e um presidente da UE mais fortes, precisaria de novas caras. "Estes postos encarnam a política européia de forma visível e atraente para a mídia. Seria um passo considerável para a solução do problema", explicou Meyer.

Uma medida de bastante efeito, exigida pelo líder dos Verdes no Parlamento Europeu, Daniel Cohn-Bendit, seria o estabelecimento de eleições diretas. Se o presidente da Comissão e os comissários tivessem que fazer campanha eleitoral pela Europa, eles se tornariam mais conhecidos.

Outro problema é a forma desproporcionalmente negativa com a qual jornalistas relatam sobre a União Européia. Em muitas redações, não existem especialistas em assuntos europeus. É o que apontam estudos do Instituto Media Tenor e do Instituto Erich Brost de Dortmund.

Como resultado, as pesquisas indicam que a formação profissional e a especialização jornalística sobre a Europa devem desempenhar um papel mais importante. Principalmente as faculdades de jornalismo e editoras são conclamadas a dar mais espaço à União Européia em seus cursos de graduação e especialização.