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Ajuda à Europa

19 de janeiro de 2012

Comissário da UE diz que nenhuma região do mundo está imune aos efeitos da crise e pede que os países do G20 elevem suas contribuições ao FMI. EUA rejeitam apelo.

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Fundo quer levantar mais 500 bilhões de dólaresFoto: picture-alliance/dpa

A União Europeia (UE) deixou claro nesta quinta-feira (19/01) que espera uma ajuda dos países do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) para elevar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Esse dinheiro poderia, então, ser usado para socorrer os países da zona do euro em dificuldades.

O porta-voz do comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, disse em Bruxelas que a UE dará boas-vindas a todas as contribuições para aumentar os recursos do FMI, especialmente dos países do G20 e de "membros fortes" do Fundo, uma referência a potências econômicas como os Estados Unidos, a China e também o Brasil.

Nesta quarta-feira, o FMI divulgou que pretende elevar suas reservas para empréstimos em 500 bilhões de dólares. Pessoas ligadas ao Fundo disseram à agência de notícias Reuters que o valor pode chegar a 600 bilhões de dólares.

Segundo a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, o Fundo precisa de dinheiro suficiente para superar o "enfraquecimento econômico global" e os consequentes "desafios regionais" que o acompanham, uma referência à crise da dívida na Europa. Pelos cálculos do FMI, a necessidade de crédito mundial chegará a 1 trilhão de dólares nos próximos anos.

"Não!"

Os EUA, porém, já acenaram contrariamente. "Temos dito aos nossos parceiros internacionais que não temos a intenção de fazer contribuições adicionais ao FMI", afirmou uma porta-voz do Tesouro norte-americano nesta quarta-feira, logo após o anúncio feito pelo Fundo.

"O FMI pode desempenhar um importante papel na Europa, mas apenas como um complemento aos esforços dos próprios europeus", completou. Observadores não acreditam que o governo, em plena campanha eleitoral, mude de ideia.

No momento, os próprios norte-americanos precisam lutar contra a expansão do seu deficit. E os republicanos têm ameaçado, no Congresso, reduzir para 100 bilhões os fundos repassados para o fundo internacional caso eles sejam endereçados para salvar a zona do euro.

Não apenas os Estados Unidos, mas também o Canadá vem insistindo num maior esforço dos próprios europeus, cobrança também partilhada por Japão e Coreia do Sul. Mas os japoneses, por sua vez, têm se mostrado abertos ao diálogo.

A China disse apenas que apoia a elevação dos recursos do FMI no âmbito das discussões do G20. Em novembro passado, o G20 decidiu ampliar os recursos do Fundo, a fim de preservar a economia mundial de uma eventual contaminação pelo "vírus" da Europa. Os participantes não chegaram a um valor exato.

O Brasil já declarou várias vezes que somente ajudaria os países europeus por meio do FMI, mas exige em contrapartida um maior poder de voto dentro da instituição. No México, onde representantes do G20 estão reunidos para debater o fortalecimento financeiro do FMI, havia resistência em aumentar as contribuições.

"Muitos países querem que os europeus avancem com medidas mais duras e mais claras, o que nesse momento singnificaria mais recursos para o seu fundo de estabilidade", disse um participante brasileiro à Reuters.

Encontro do G20 em fevereiro

O FMI conta, por enquanto, com 375 bilhões de dólares em caixa. A UE espera que o G20 chegue a um acordo sobre a elevação da contribuição ao FMI em fevereiro, durante encontro dos ministros das Finanças do grupo.

Em visita oficial a Abu Dhabi, o chefe do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, defendeu o repasse e afirmou que o fortalecimento do Fundo beneficia não apenas os europeus, mas todos os países do mundo. Em dezembro, os chefes de Estado e de governo da UE concordaram em disponibilizar mais 200 bilhões de dólares para o FMI.

Enquanto isso, as agências de avaliação de crédito não dão trégua. Depois de a Standard & Poor's ter rebaixado nove países e até o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), agora a Fitch ameaça reduzir as notas de seis Estados até o fim de janeiro. Diferentemente da S&P, no entanto, a Fitch deve manter a nota máxima da França – a segunda maior economia da UE.

MSB/dw/rtr/afp
Revisão: Alexandre Schossler