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UE e Alemanha apóiam novo papel da Unctad

jb/rw14 de junho de 2004

Na Conferência Geral da Unctad em São Paulo, a instituição, chefiada por um brasileiro, procura consolidar-se no papel de defensora dos interesses do Hemisfério Sul.

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Ricúpero e Annan na conferência em São PauloFoto: AP

Praticamente legada ao esquecimento depois da criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) vem tomando novos impulsos desde sua última conferência, há quatro anos, em Bangcoc.

"É claro que a instituição perdeu em importância com o acirramento da competitividade e a nova ordem econômica mundial, mas os problemas de antes continuam. A questão relacionada às condições de integração do Sul — os países em desenvolvimento — no mercado global continua pertinente", explica Rainer Falk, da ONG alemã Weed (Economia Global, Ecologia e Desenvolvimento).

Sintonizar as estratégias nacionais de desenvolvimento com os processos econômicos globais é o objetivo central da 11ª conferência da Unctad, que prossegue até a próxima sexta-feira (18), em São Paulo, com representantes de 192 países.

Posição da União Européia

Com a integração dos países em desenvolvimento ao mercado global, a Unctad ganhou um novo papel no cenário internacional. Esta nova função é incentivada pelo governo alemão e pela União Européia, que, entretanto, advertem para os riscos de que a organização não assuma responsabilidade em demasia.

Rolf Drescher, responsável pela Unctad no Ministério alemão de Cooperação Econômica, lembra que a instituição já foi comparada à OECD (Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento) do Hemisfério Sul.

"A realidade é que a Unctad dispõe de 450 funcionários e um orçamento regular de 50 milhões de dólares, o que não é tanto assim. Para comparar: a OECD tem dois mil funcionários só na sede em Paris", destaca.

Desemperrar negociações de livre comércio

O secretário-geral da Conferência, Rubens Ricúpero, lembra que até agora foram concentrados grandes esforços em rodadas de negociações, ignorando uma segunda faceta do comércio: "Os acessos aos mercados são um fator importante, mas também não pode ser esquecida a falta de oferta. Se um país não tem condições de exportar produtos ou serviços, de nada lhe adiantam as rodadas de negociações", adverte o brasileiro.

O objetivo da Unctad deve ser a preparação dos países em desenvolvimento para o livre comércio, observa Ricúpero, segundo o qual a conferência em São Paulo pode ser um passo importante para desemperrar as negociações na OMC.

A propósito de negociações emperradas, o comissário de Comércio da União Européia, Pascal Lamy, disse estar à espera de passos concretos dos Estados Unidos, da Austrália e do Canadá. Se até meados do ano não houver consenso, as negociações ficarão muito tempo bloqueadas por causa da nova composição do Parlamento Europeu e das eleições nos EUA, no segundo semestre, observou Lamy.