1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Argélia

10 de abril de 2009

O presidente da Argélia e candidato a um terceiro mandato, Abdelaziz Bouteflika, ganhou as eleições presidenciais com 90% dos votos. UE quer acentuar cooperação com o país, principalmente no setor energético.

https://p.dw.com/p/HUSP
Reeleição não é garantia de que problemas sociais diminuirãoFoto: AP

A Argélia é hoje o terceiro maior fornecedor de gás para a Europa e um dos principais fornecedores de petróleo para a Alemanha. Graças a enormes reservas de gás natural e petróleo, a economia argelina cresceu nos últimos anos 5% ao ano. Com isso, o país desperta cada vez mais a cobiça internacional: a Argélia desempenha um papel importante nos planos estratégicos da União Europeia de se tornar independente do fornecimento de gás russo.

Em julho de 2007, a UE e a Argélia assinaram um acordo de fornecimento de gás natural, a partir do qual o governo argelino, junto com os europeus e com o auxílio financeiro da UE, ampliou os gasodutos já existentes, ligando os campos de gás no deserto do Saara à Europa através do Mar Mediterrâneo. Novas pipelines já estão sendo planejadas.

Situação é tensa

Algerien Baustelle Erdgas
Gasoduto no deserto do Saara: passo para maior fornecimento de gás natural argelino para a EuropaFoto: picture-alliance/ dpa

O setor energético é o mais importante na economia do país, responsável por mais de 90% da receita obtida através das exportações. Graças aos valores recordes arrecadados nos últimos anos, o país conseguiu pagar suas dívidas externas e economizar enormes reservas de divisa. Mesmo assim, a situação econômica e social na Argélia é bastante tensa.

Estima-se que as taxas de desemprego chegam aos 30%, sendo especialmente altas entre os jovens. Mais de 70% de todos os desempregados têm menos de 30 anos. Outro problema é a falta de moradia: mais de 65% da população vive, em função do êxodo rural, nas cidades costeiras. O número de habitantes na capital Argel cresce incessantemente.

Migração para a Europa

Devido à falta de perspectivas, muitos jovens deixam o país para tentar a vida nos países da UE, especialmente na França, antiga metrópole colonial. Estima-se que haja mais de 1,5 milhão de argelinos vivendo hoje na França. Como para a maioria é praticamente impossível migrar legalmente para a Europa, muitos acabam optando pela clandestinidade.

Em embarcações pequenas e superlotadas, eles tentam cruzar o Mar Mediterrâneo, a fim de chegar à terra firme europeia. Não raramente ocorrem acidentes fatais durante a travessia. A UE tem grande interesse em cessar esse fluxo migratório ilegal. Até hoje, porém, o bloco só optou por medidas policiais de combate ao problema.

Islamismo radical

Algerien Wahlen Präsident Abdelaziz Bouteflika
Abdelaziz Bouteflika: terceiro mandatoFoto: AP

Um outro grande problema nas relações entre a Argélia e a Europa é o islamismo radical. Desde o início dos anos 1990, militantes islâmicos ligados à Frente Islâmica de Salvação (FIS) levam adiante uma guerra contra o governo argelino. Estima-se que o conflito já tenha causado a morte de entre 100 e 200 mil pessoas. Entre as vítimas estão vários europeus que vivem na Argélia: os militantes islâmicos planejam forçar todos os estrangeiros a deixar o país.

Além disso, especialistas europeus temem que essas correntes radicais na Argélia possam levar a uma radicalização dos argelinos que vivem na Europa. Por isso, a UE tem interesse na constituição de um governo estável no país, a fim de que seja levada adiante a cooperação econômica com os europeus. E também para que os problemas sociais no segundo maior país da África possam ser mantidos sob controle.

Autor: Zoran Arbutina

Revisão: Rodrigo Rimon Abdelmalack