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Um caminho árduo

Martin Schrader / sv-am21 de março de 2003

A renomada operadora de bolsa norte-americana Nasdaq Stock Market chega ao mercado alemão, depois de duas tentativas frustradas de estabelecer-se no Japão e em Bruxelas.

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Nasdaq em Nova York: altos e baixos das ações high techFoto: AP

A empresa americana Nasdaq Stock Market criou uma subsidiária na Alemanha, para oferecer o comércio de bolsa das ações da chamada New Economy. Depois dos fracassos no Japão e na Bélgica, esta será a terceira tentativa da Nasdaq de fincar pé fora dos EUA. Coragem é o que não falta à empresa de Nova York. Há cerca de um ano, a operadora vem preparando terreno para implantar o seu nome e os seus serviços no mercado financeiro alemão.

A Nasdaq começa a operar em Berlim em parceria com alguns bancos. Tendo investidores particulares na mira, a operadora concorre diretamente com a Bolsa de Frankfurt e com as outras cinco bolsas regionais alemãs. Até agora, no entanto, o futuro da Nasdaqu não parece muito promissor no país, pois o interesse entre os investidores e as instituições financeiras alemãs é consideravelmente parco.

"Não vemos nenhuma vantagem para nós e para nossos clientes através de uma nova operadora de bolsa", afirma Martin Kruse, chefe do setor de mercado de capitais na Hamburger Sparkasse, a maior caixa econômica da Alemanha. "Por isto, não lançaremos mão da oferta inicialmente; vamos esperar para ver como a Nasdaq se desenvolve na Alemanha", disse Kruse numa entrevista concedida a DW-WORLD.

Compasso de espera

A opinião do especialista de Hamburgo não é caso isolado. Também Marius Hoerner, da corretora de ações Lang & Schwarz, de Düsseldorf, não confia no sucesso do projeto americano: "Vamos esperar a evolução dos negócios, com toda a calma." Para Hoerner, é sintomático o desinteresse demonstrado até agora pelos bancos e outros grandes administradores de capital, como os fundos de investimento, na criação de uma nova bolsa. Isto já foi declarado explicitamente pelo Deutsche Bank, a maior casa bancária alemã, segundo publicações especializadas do setor financeiro.

Em face da enorme concorrência no mercado alemão de ações, deverá ser muito difícil para a Nasdaq conquistar um número considerável de clientes. Além disso, a empresa americana busca principalmente os investidores particulares, e não os profissionais – bancos, corretoras e fundos de investimento. E exatamente os investidores particulares da Alemanha estão evitando ao máximo a aplicação em ações, depois dos vultosos prejuízos sofridos nos últimos dois anos.

Garantia de melhor preço

Àqueles que continuam na esperança de melhorias na bolsa, a Nasdaq alemã pretende oferecer a comercialização das principais ações do DAX100, Euro STOXX50, Nasdaq 100 e Dow 30. As grandes vantagens da oferta são, segundo a porta-voz da Nasdaq, Eva Klose, uma garantia de melhor preço. Isso significa que o investor recebe, seja na compra ou venda de ações, um preço mais reduzido do que aquele operado na bolsa concorrente. Na prática, esse tipo de garantia é muito difícil de ser comprovado.

Através da filial européia (Nasdaq Europe), a matriz americana deverá manter cerca de 50% de participação na Nasdaq Deutschland. O restante será dividido entre Dresdner Bank (15%), comdirect bank e Commerzbank (7,5% cada um) e as bolsas de valores de Berlim e Bremen (cada uma 10%). As duas bolsas fundiram-se com esse objetivo, adotando então o nome de Nasdaq Deutschland AG.

Experiência traz perspicácia?

O futuro da nova empresa pode tornar-se nebuloso, caso a operadora não consiga movimentar um bom volume de operações. Isso iria assustar principalmente a clientela profissional. Ganhos reduzidos em muitos títulos podem impedir os profissionais de optar por uma nova operadora.

Exatamente este problema foi enfrentado pela Nasdaq Europe, com sede em Bruxelas. "Ela é líquida, cara e confusa demais", reclama Marius Hoerner da Lang & Schwarz. Onde não há um alto volume de negócios e onde as margens de lucro não suprem as expectativas, uma operadora de bolsas também não pode contar com bons resultados. Fazer com que a empresa se torne lucrativa é, nesse caso, uma tarefa impossível. Por essa razão, os americanos foram obrigados a investir mais 20 milhões de dólares na subsidiária européia, em dezembro de 2002. Caso contrário, segundo divulgou a imprensa na época, a Nasdaq estaria às beiras da insolvência.

As mesmas experiências negativas foram vividas pela renomada operadora norte-americana no mercado japonês. Em meados de 2002, a Nasdaq Japan foi fundada em cooperação com a bolsa de Osaka. No entanto, quando surgiram dificuladades financeiras e desentendimentos com o parceiro local, os americanos optaram por fechar a subsidiária, apenas dois anos após o início de suas atividades. Se eles aprenderam alguma coisas dessas experiências em Bruxelas e no Japão, há de se ver brevemente na Alemanha.