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Uma vez Chernivtsi, sempre Chernivtsi

18 de fevereiro de 2013

O diretor alemão de documentários Volker Koepp rodou seu primeiro filme sobre a cidade ucraniana em 1998. Em 2004, viria o segundo. Até hoje, a cidade o fascina.

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Foto: Hilmar Korth

Deutsche Welle:"Sr. Zwilling e Sra. Zuckermann" é o nome de seu primeiro filme rodado em e sobre Chernivtsi. O documentário gira em torno de duas pessoas idosas – dois entre os últimos judeus nascidos na velha Chernivtsi. Eles têm em comum a língua alemã, a lembrança dos velhos tempos, de quando a cidade era um centro da cultura judaico-alemã, e as preocupações cotidianas da era pós-soviética. Seis anos mais tarde, viria a continuação: Dieses Jahr in Czwernowitz(Este ano em Chernivtsi). Agora você está de novo fazendo um filme na cidade. Por que o apego a este lugar?

Volker Koepp:Mesmo neste meio-tempo, eu estive diversas vezes por aqui. Quando fiz uma turnê para exibir Sr. Zwilling e Sra. Zuckermann, muita gente vinha falar comigo. Eles falavam o mesmo dialeto que os protagonistas do filme. A impressão era a de que Chernivtsi deva ter sido uma cidade grande. Assim surgiu o segundo filme.

Agora Chernivtsi é apenas uma estação em uma viagem que faço: de Odessa, no Mar Negro, até Neman, Tilsit e Kaliningrado. Trata-se do país lendário Sarmátia, descrito pelo poeta Johannes Bobrowski – a terra misteriosa a leste dos rios Vístula e Dniestre. Em mapas antigos, encontra-se ainda a inscrição "Sarmátia". Nestes mapas, o Mar Negro se chama "Oceano Sarmático".

Herr Zwilling und Frau Zuckermann (Film)
'Sr. Zwilling e Sra. Zuckermann'Foto: Edition Salgeber

O que Chernivtsi significa para você?

A cidade é naturalmente um lugar onde conheci pessoas maravilhosas e no qual, nessas alturas, já passei alguns meses da minha vida. É claro que é possível sentir o mito Chernivtsi. Há algo misterioso quando se fala de Bessarábia, Galícia ou Bucovina. São grandes extensões de terra, nas quais aconteceu muita história, sobretudo a história miserável do século 20.

Mas em Berlim tem muita gente que vem daqui. Há interesse não somente pelo mito Chernivtsi, mas também pelo que existe aí agora. Quando a cidade comemorou seus 800 anos de existência, muita gente descobriu que metade da população é judia. A mim interessa sobretudo o novo, embora os tempos antigos sempre surtam obviamente efeitos sobre o novo.

De que forma Chernivtsi mudou nos últimos tempos?

Vim para cá pela primeira vez porque gostava muito de Paul Celan na juventude, mas não tinha nenhuma imagem da cidade. Um belo dia, saí sem guia de viagem, que naquela época não existia ainda. Eu tinha em mãos apenas um guia de 1909. Até hoje as pessoas na Alemanha não sabem direito onde fica a cidade. Os mais velhos, que contavam como a cidade era, já morreram. Muita coisa aqui ficou mais bonita, mas muita coisa é riqueza de fachada, um engodo.

Dieses Jahr in Czernowitz (Film)
Cena do filme 'Este ano em Czernowitz'Foto: Edition Salgeber

A política exerce aqui seu papel: O que será da Ucrânia, especialmente de sua parte ocidental? Ontem um jovem me disse: "Não vou vivenciar como a Ucrânia vai, um dia, se tornar parte da União Europeia". Os velhos ressentimentos vêm à tona de novo: os poloneses não gostam dos russos e vice-versa. Os ucranianos não gostam dos dois e todos juntos não gostam de judeus.

Muita coisa infelizmente se repete e isso é muito triste. De caldeirão étnico [que a cidade um dia foi] não restou muita coisa. Uns desconfiam dos outros. Não, os velhos tempos não se foram, isso é história. Quando você hoje anda pela cidade e vê como os jovens são abertos, só resta esperar que eles continuem assim.

Mas ainda não está claro se a Rússia ou a Europa [Ocidental] irá tomar as rédeas. Há o leste da Ucrânia, muito influenciado pela Rússia, e o oeste, mais europeizado. Há tensões aí. Mas Chernivtsi é uma bela cidade, onde gosto de estar.

Autora: Birgit Görtz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer