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Vaníloquos do mundo inteiro em Berlim

Assis Mendonça15 de janeiro de 2004

Os "Maulhelden 2004" querem derrubar fronteiras em todos os sentidos. O 3º Festival Internacional da Arte Verbal apresenta uma mistura recalcitrante.

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Zé do Rock representa o Brasil no festival berlinenseFoto: presse

Pela terceira vez, reúnem-se em Berlim, da sexta-feira (16/1) até o sábado da próxima semana (24/1), artistas verbais de meio mundo: cômicos, autores satíricos e outros acrobatas verbais. Os "Maulhelden" (vaníloquos) vêm da Alemanha, Áustria, Suíça, Dinamarca, Holanda, Irlanda, Suécia, África do Sul, Canadá, Grã-Bretanha, Itália, Estados Unidos, Turquia, República Tcheca, Polônia, Rússia, Japão, Espanha... e do Brasil!

Os "Maulhelden" querem derrubar todas as fronteiras e, em especial, a barreira lingüística. No 3º Festival Internacional de Arte Verbal, eles se apresentam ao público alemão, falando na maior parte a sua língua materna. Este não é o caso, no entanto, do "vaníloquo" brasileiro: Zé do Rock, que vive em Munique, é bastante conhecido em toda a Alemanha como autor satírico, pela sua proposta de simplificação do idioma de Goethe. Seus dois livros são verdadeiros best-sellers no país.

Parlamento internacional

Arnulf Rating, Maulhelden - 2. Internationales Festival der Wortkunst in Berlin
Arnulf Rating

Para o criador e organizador do evento, Arnulf Rating, o festival dos "Maulhelden" tem uma importância quase transcendental: "Nós nos vemos como um parlamento internacional, como um contrapeso da arena política".

Este ano, o "parlamento" oferecerá uma plataforma de manifestação a vozes provenientes de muitos países que fizeram parte da chamada "coalizão dos dispostos" na guerra do Iraque. Só que as afirmações a serem ouvidas em Berlim não deverão agradar nem um pouco aos donos do poder nos Estados Unidos e nos seus países aliados na guerra.

O Michael Moore do teatro

Bill Talen
Bill TalenFoto: Maulhelden

Uma das principais atrações do festival dos "Maulhelden" é Bill Talen, aliás "Reverendo Billy", dos Estados Unidos. Em Nova York, seu palco é a rua. Vestido de maneira esdrúxula – summer jacket e colarinho de padre –, ele utiliza o megafone para fazer as pregações da igreja que fundou ("Church of Stop Shopping"), contra o consumismo e a globalização.

Reverendo Billy é considerado o "Michael Moore do teatro" e sua apresentação no festival berlinense não ficará restrita ao palco. Ele promete dar uma demonstração prática do seu estilo de desobediência civil. Só não se sabe ainda qual será a plataforma externa escolhida. E os organizadores esperam que Billy não seja detido pela polícia de Berlim. Mas isso não seria grande novidade: em Nova York, ele está acostumado a terminar suas manifestações no distrito policial.

Experiências anteriores

Maulhelden - 2. Internationalen Festival der Wortkunst
Maulhelden 2003Foto: Kay Herschelmann

As experiências dos dois eventos anteriores demonstram que a concepção internacional do festival não apenas oferece a todos os participantes a possibilidade de perceber as diferentes abordagens artísticas dos diversos círculos culturais. Ela também mostra as semelhanças nesta época da globalização.

Onde as barreiras idiomáticas pareceram muito altas para a necessária internacionalidade, trabalhou-se com traduções simultâneas que funcionaram surpreendentemente bem. Assim, não se estabeleceram limites para a rica variedade da arte verbal internacional: triquestroques e acrobacia verbal, humor mordaz e sutileza cômica, onomatopéias, poesia e muita coisa mais foram apresentados nas mais distintas formas – da sátira política, stand-up comedy e apresentações a capella até ao teatro, às leituras e às sessões de slam-poetry, sempre houve algo de realmente interessante para o numeroso público.