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Verdes europeus defendem cessar-fogo no Afeganistão

Soraia Vilela2 de novembro de 2001

Líderes do Partido Verde da Alemanha, França e Bélgica defenderam, ao lado de membros verdes no Parlamento Europeu, uma pausa nos ataques militares ao Afeganistão.

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Um cessar-fogo temporário dos bombardeios ao Afeganistão é essencial à necessidade de "dar uma resposta rápida às condições humanitárias catastróficas" que dominam o país, de acordo com um apelo do Partido Verde dirigido hoje à presidência do Conselho da União Européia.

O objetivo é proteger a população civil do árduo inverno que se aproxima. A Bélgica, país que ocupa atualmente a presidência rotativa da UE, deveria, na opinião dos verdes, examinar ao lado da ONU "como, até meados de novembro, alimentos poderão ser levados por comboios de caminhões até o Afeganistão".

Segundo o apelo redigido pelos políticos verdes, o mecanismo utilizado pelos Estados Unidos de atirar alimentos do ar sobre terras afegãs é "não só ineficiente, mas também contraproducente". A melhor forma de garantir a sobrevivência da população civil seria "o transporte de alimentos por terra, através de caminhões". Também altamente necessária na opinião dos verdes é "a abertura das fronteiras para os refugiados afegãos". Para isso, países vizinhos, como por exemplo o Paquistão, necessitariam de uma ajuda ocidental em grande escala.

Zonas de Proteção - A vice-presidente do Parlamento Alemão, Antje Vollmer (Partido Verde), acentuou em entrevista à Spiegel Online que a capacidade das nações que fazem fronteira com o Afeganistão de abrigar refugiados está esgotada. Vollmer defendeu a criação de "zonas de proteção da ONU", para facilitar a retirada de pessoas dentro do país das áreas de combate, "para que a população civil não se torne refém da guerra". A segurança dessas zonas de proteção deveria ser mantida através de uma marcante presença militar, se possível por meio de tropas da ONU com participação de países muçulmanos.

Vollmer, que acompanhou o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, na última semana em visita à Índia e ao Paquistão, criticou duramente as estratégias militares dos EUA. "O mais inquietante nesses ataques é que nenhum objetivo é reconhecível, nem ao mesmo pela lógica militar", afirmou a parlamentar verde. Segundo ela, o terrorismo não é combatível por meio de estratégias militares.

Polarização - Ao invés disso, o Ocidente deveria acabar com "a humilhação e marginalização" dos povos islâmicos. Para Vollmer, o islã necessita desempenhar um "papel próprio no cenário político do século 21". Caso isso não aconteça, paira a ameaça de uma polarização do "Ocidente contra o resto do mundo", observou Vollmer.

Declarações recentes dos EUA de que as retaliações militares no Afeganistão ainda podem durar meses foram a principal causa de preocupação entre os verdes europeus. Para o partido, a afirmação é considerada uma ameaça à solidariedade pela aliança internacional antiterror. Os verdes argumentam que também para a estabilidade política dentro do Afeganistão, é necessário um cessar-fogo temporário e um intensificar da ajuda humanitária: quanto mais civis perderem suas vidas, menos sobreviventes irão acreditar que pode haver um futuro seguro no país após o talibã.

O apelo dirigido à UE foi feito entre outros pela líder da bancada verde no Parlamento Europeu, a finlandesa Heidi Hautala, pelo belga Paul Lannoye e pela ex-ministra francesa do Meio Ambiente, Dominique Voynet.