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"Sou ativista pelo meu marido", diz esposa de Badawi

Naomi Conrad (ff)11 de setembro de 2015

O blogueiro Raif Badawi está preso na Arábia Saudita desde 2012. Para lutar em nome da causa do marido, Ensaf Haidar criou uma fundação para promover a liberdade de expressão no mundo árabe.

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Foto: DW/N. Conrad

Quando confrontada com algumas perguntas, Ensaf Haidar apenas balança a cabeça e sorri. Perguntas do tipo: uma mudança de regime na Arábia Saudita ajudaria seu marido? Ou: como está a situação de outros blogueiros sauditas desde a prisão de Badawi? "Sem comentários", responde ela. Haidar diz que é ativista apenas por seu marido, nem mais, nem menos, e não quer responder a perguntas de cunho político.

Desde 2012 Haidar luta de maneira incansável por seu marido. Ela viaja de uma coletiva de imprensa para outra, de uma manifestação para outra, e recebe prêmios em nome dele. Em 2012, Raif Badawi foi preso e condenado a dez anos de prisão, multa e mil chibatadas. As primeiras 50 ele levou em janeiro, em praça pública, na cidade de Jidá. Posteriormente, depois de muitos protestos pelo mundo, a flagelação, que deveria ser semanal, foi suspensa por tempo indeterminado – oficialmente por motivos de saúde.

O blogueiro é acusado de ter ofendido o Islã. A denúncia provocou críticas em todo o mundo e é rejeitada veementemente por Haidar, ela própria estudiosa do Islã. Em entrevista à DW, ela diz que Badawi nunca passou dos limites e sempre tratou todas as religiões de forma respeitosa e defende a liberdade de expressão para todos.

Fundação pela liberdade de pensamento

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Em junho, a Deutsche Welle homenageou Raif Badawi com o "Freedom of Speech Award"Foto: DW/M. Magunia

Já há alguns anos Badawi pensava em criar uma fundação para promover a liberdade religiosa e de pensamento. Sua esposa transformou esse projeto em realidade. Nesta sexta-feira (11/09), Haidar anunciou em Berlim – onde recebeu em nome do marido o prêmio Deutsche Welle Freedom of Speech – a criação da Fundação Raif Badawi para os Direitos Humanos. Segundo ela, a fundação deve servir como uma plataforma de comunicação para ONGs e ativistas do mundo árabe.

O projeto é apoiado pela Deutsche Welle e pela Fundação Friedrich Naumann, ligada ao partido liberal alemão, FDP, além dos membros honorários Desmond Tutu e Salman Rushdie. A fundação tem sede no Canadá, onde Haidar vive com os três filhos no exílio.

Ela ressalta que não se trata de "trabalhar contra governos específicos ou tentar mudar alguma coisa na Arábia Saudita". Sua fundação tem o objetivo de proporcionar um canal de comunicação para todos, independente da religião ou das posições políticas.

Mais engajamento da Alemanha

Badawi ainda não sabe sobre a fundação. Haidar quer fazer uma surpresa para ele, "quando ele sair da prisão e finalmente for morar conosco no Canadá". Nesse sentido ela ousa tocar na política: diz que gostaria que os países assumissem uma postura mais decidida em relação a Badawi. A Alemanha, por exemplo, poderia oferecer asilo político, ou lhe conceder cidadania. Pois seu marido "não está bem física nem psicologicamente", diz Haidar. As chibatadas continuam pairando como uma ameaça – o caso está na Suprema Corte da Arábia Saudita.

Haidar conta que ela e os filhos sentem muita falta de Badawi, mas têm orgulho dele. Ela então se vira para a próxima câmera, para a próxima entrevista e responde às próximas perguntas, em seu trabalho de ativista, na luta pelo marido.