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Vitória de Abbas: um primeiro passo para a paz

(lk)10 de janeiro de 2005

A paz no Oriente Médio e a concretização do velho sonho dos palestinos não dependem apenas de Mahmud Abbas, dizem especialistas alemães.

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Vencedor comemoraFoto: AP

A liderança política alemã engrossou o coro dos que saudaram, nesta segunda-feira (10/01), a vitória de Mahmud Abbas para presidente da Autoridade Nacional Palestina e, assim, para sucessor do recentemente falecido Yasser Arafat.

A eleição marcou "um momento histórico", é "uma demonstração impressionante" de como pode se desenvolver a democracia nas regiões palestinas, escreveu o presidente da Alemanha, Horst Köhler, em seu telegrama de congratulação.

Para o chanceler federal, Gerhard Schröder, Abbas assume o posto num momento que "abre novas perspectivas para o processo de paz no Oriente Médio". O ministro do Exterior, Joschka Fischer, expressou a esperança de que logo se estabeleça o diálogo entre o presidente eleito e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon.

Ponto de partida

Palästinenser Wahlen Mahmud Abbas
Mahmud Abbas durante a campanha eleitoral...Foto: AP

O cientista político alemão Volker Perthes, do Instituto de Política Internacional e Segurança, qualificou em entrevista à Deutsche Welle de "bom esse otimismo, visto que dele pode surgir uma dinâmica positiva, tanto entre palestinos e israelenses como na comunidade internacional, no sentido de uma reativação do processo de paz".

Por sua vez, Mahmud Nazzal, diretor de informação da Delegação Geral da Palestina na Alemanha, assinalou à DW-WORLD que "não depende apenas de Mahmud Abbas que a paz tenha agora uma oportunidade, e sim de todos os atores do conflito no Oriente Médio. Temos uma ocupação israelense na Palestina e, para que haja paz, é preciso começar com o término da ocupação".

Os analistas alemães destacam que Abbas, embora rechaçando a violência – o que o diferencia de Arafat –, nunca ocultou que persegue as mesmas metas que o líder palestino morto: um Estado palestino com o Leste de Jerusalém como capital, a retirada das tropas israelenses, a renúncia aos assentamentos israelenses nos territórios palestinos, uma solução para o problema dos refugiados e a observação dos direitos dos presos palestinos.

Para atingir essas metas, Abbas precisa de "apoio maciço. E seria fatal se Israel se concentrasse agora apenas em exigir dele um término de toda a violência", assinala o comentarista da DW-Welle Peter Philip.

Apoio popular

A vitória de Abbas não representa o fim e sim o começo de um processo: o da luta, sem emprego da violência, pela concretização de um sonho que os palestinos perseguem há 80 anos. O novo presidente aposta no diálogo, na diplomacia, na negociação, e o resultado das urnas aponta para uma ampla aceitação por parte do povo palestino, tanto das metas como do caminho para chegar até elas, avalia Perthes. "Os palestinos querem um presidente que seja aceito pelos norte-americanos e pelos israelenses. Querem voltar às negociações de paz. Aceitam que Abbas mantenha as exigências palestinas."

Necessidade de esforços multilaterais

Palästinenser Wahlen Mahmud Abbas Wahllokal
... e ao votarFoto: AP

Para que o "momento histórico" da eleição conduza a resultados concretos, é preciso que se aproveite a dinâmica da situação, opina Perthes. "De parte dos israelenses, trata-se de não se fechar ao diálogo com os palestinos e de cumprir realmente a anunciada retirada da Faixa de Gaza e de outro assentamentos na Cisjordânia. De parte dos palestinos, que esta retirada das tropas e dos colonos não ocorra debaixo de fogo, ou seja, que a retirada dos colonos não se converta numa ação militar", especifica o cientista político alemão.

O papel da comunidade internacional, além do claro apoio a Abbas manifestado durante a campanha eleitoral, é converter o oferecido em obras. "Por exemplo, diante da perspectiva de que Israel se retire de Gaza, trata-se da reconstrução, de que os palestinos se dêem conta de que sua situação vai melhorar, de que será reconstruída a infra-estrutura destruída durante anos de ocupação e intifada."

"A eleição foi um primeiro passo. Agora é preciso que outros passos sigam com rapidez", conclui Peter Philip.