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Vitória de Napolitano eleva chances de grande coalizão na Itália

Kirstin Hausen (fa)22 de abril de 2013

Depois de uma eleição presidencial que fortaleceu o movimento de protesto de Beppe Grillo e enfraqueceu o tradicional Partido Democrático, há sinais de que um governo de coalizão pode ser formado nos próximos dias.

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Foto: picture-alliance/dpa

Tutti a casa (voltem para casa) gritavam os manifestantes em frente ao Parlamento em Roma. Entre eles havia muitos jovens e muitas famílias, a maioria deles simpatizantes, eleitores ou membros do movimento populista de protesto Cinco Estrelas, liderado pelo humorista Beppe Grillo.

Mas não só. Também os seguidores do Partido Democrático (PD) se uniram ao protesto e acusaram o secretário-geral Pierlugi Bersani – que pouco antes renunciara ao comando do partido – de traidor. Um dos manifestantes declarou que Bersani traiu o desejo de mudança de seu eleitorado e que, nas próximas eleições, vai votar em Grillo.

Grillo e Berlusconi em alta

Grillo saiu fortalecido do processo de eleição para presidente da Itália – ele e o ex-premiê Silvio Berlusconi, que conseguiu dividir a esquerda com a sua declaração sobre as possibilidades de uma grande coalizão.

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O humorista Beppe Grillo, do movimento populista Cinco Estrelas, protesta contra a decisãoFoto: Reuters

Ao longo de todas as seis votações da eleição indireta, o movimento liderado por Grillo manteve o voto no professor de direito Stefano Rodotà. Uma postura bem diferente da adotada pelo parlamentares do Partido Democrático. Muitos deles não seguiram a recomendação da direção do partido, levando ao fracasso dos candidatos apoiados pelo PD. O PD não existe mais, afirmaram muitos deputados, depois do fracasso da candidatura do ex-primeiro-ministro Romano Prodi.

Ao final, Bersani, Berlusconi e o ex-primeiro-ministro Mario Monti foram obrigados a chegar a um acordo para a reeleição do atual presidente, Giorgio Napolitano.

"É uma vergonha. Estamos com uma imagem ridícula na Europa, é um absurdo", protesta Giuseppe Paglia, ex-líder da esquerda na Lombardia e que agora faz parte do movimento Cinco Estrelas. Paglia se mostrou satisfeito com o engajamento dos jovens na política. "As pessoas querem mudança, renovação. Mas o que fazem os políticos? Que tipo renovação é essa? O PD já deveria ter trocado seus líderes muito antes."

Partido Democrático busca novo líder

Há indícios de que Matteo Renzi, o jovem prefeito de Florença, seja o substituto de Bersani – contra quem já há algum tempo trava uma pequena batalha interna – na liderança do PD. "Renzi quer afastar os velhos do partido e ele está certo. São pessoas que há 30 anos estão lá", comenta Paglia.

Enquanto os políticos estão às voltas com as disputas de poder, a economia da Itália continua em queda. No primeiro trimestre de 2013, mais de 4 mil empresas foram à falência, e o poder de compra dos cidadãos no período de um ano caiu 5%. "Estamos fartos. Eu posso ver o desânimo das pessoas que perderam seus empregos", afirma Anna Rita Pece, dona de uma banca de jornais em Milão.

Expectativa de um governo de coalizão

Napolitano enfatizou inúmeras vezes que não estava interessado num segundo mandato. Mas, ao final, não teve como fugir da responsabilidade, já que esse era – aparentemente – o único caminho para a formação de um governo.

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Acordo entre partidos abre caminho para segundo mandato de Napolitano, de 87 anosFoto: Reuters

De acordo com jornais italianos, antes de concordar com uma nova candidatura, Napolitano assegurou o apoio de Bersani, Monti e Berlusconi para a formação de um governo de coalizão, até então tido como impossível por causa das diferenças entre Bersani e Berlusconi.

Napolitano, de 87 anos, sai fortalecido da eleição para presidente. O novo mandato de sete anos dá a ele o direito de, em último caso, dissolver o Parlamento e convocar novas eleições, o que ele não podia fazer antes, em final de mandato. Ele deixou claro, porém, que prefere a formação de um governo com o Parlamento atual a novas eleições.