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Tensão entre RENAMO e FRELIMO preocupa moçambicanos

31 de outubro de 2012

Tensão entre a RENAMO e o governo da FRELIMO aumenta em Moçambique com o regresso de Afonso Dhlakama à Gorongosa, um dos seus bastiões, onde ainda tem homens armados. Mas uma guerra parece estar fora de questão.

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Afonso Dlhkama,Foto: Ismael Miquidade

Embora o governo moçambicano prefira optar pelo silêncio, ignorando, pelo menos publicamente, a tensão que vive com o maior partido da oposição, a RENAMO, alguns sectores da sociedade local receiam violências entre as partes e prevem diversos cenários.

Começa-se a deixar de fazer ouvidos de mercador às constantes ameaças do líder da RENAMO, que caem em saco roto, afinal o seu número de efectivos aumentou nos últimos dias. Também o partido reuniu os seus desmobilizados de guerra nesta terça-feira (30.10) em Maputo. Fernando Mazanga, porta-voz da RENAMO, explica o objetivo do encontro, "tratou-se de informar os desmobilizados acerca dos últimos acontecimentos, sobretudo a ida do presidente Afonso Dhlakama à Gorongosa".

Dhlakama diz ter ido ter com "os votados ao esquecimento"

Parque Nacional da Gorongosa
Parque Nacional da Gorongosa

Entretanto, desde que Afonso Dhlakama regressou à Gorongosa, na região centro do país, a força de intervenção rápida aproximou-se do seu bastião fortemente armada. Dhlakama, por seu lado prossegue as suas ações de mobilização e ameaças ao governo, e enquanto isso a população está amedrontada. Mas afinal o que fez o líder da RENAMO regressar ao campo de guerra? "Ele foi ter com os desfavorecidos deste país, que lutaram pela democracia multipartidária e hoje estão a ser votados ao esquecimento e ao abandono. Era preciso ficar com eles, confortá-los", disse Fernando Maganza.

As acções da RENAMO, entretanto, não coadunam com as suas palavras. A RENAMO garante que ja criou grupos de diálogo, segundo o seu porta-voz, que contactaram não só o governo, mas também a sociedade civil e o corpo diplomático. O objectivo é fazer respeitar na íntegra o Acordo Geral de Paz assinado em 1992, quando terminou a guerra civil de 16 anos entre as partes. Mas esta revindicação é desvalorizada pela FRELIMO, daí as movimentações bélicas da RENAMO. Segundo o analista político Alfiado Zunguze, especialista em resolução de conflitos da ONG "Justa Paz", "o objectivo é pressionar Dhlakama para o diálogo uma vez que ele regressou para uma ex-base na qual tem homens armados. Há a sensação de que desta vez pode rebentar a guerra".

Governo moçambicano mantém o silêncio

Governo de Armado Guebuza tem optado pelo silêncio
Governo de Armado Guebuza tem optado pelo silêncioFoto: AP

Relativamente ao silêncio do governo, Alfiado Zunguza considera ser apenas uma estratégia e explica "porque o governo ainda está à procura de uma resposta adequada uma vez que a retórica do ano passado era de que nada havia a negociar porque o Acordo Geral de Paz é extemporâneo".

Se por um lado boa parte da população está a leste do acontecimento, sem ter consciência da real dimensão, por outro há muitos que estão em pânico. Mas, a maior força da oposição em Moçambique garante, apesar de tudo, que " a RENAMO não tem intenção de pegar em armas", diz Fernando Mazanga. " RENAMO tem uma arma muito poderosa que está na Constituição da República que são as manifestações".

Autora: Nádia Issufo
Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha

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