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África do Sul: Escândalo de corrupção afasta ministro

Martina Schwikowski | AFP | Reuters | nn
10 de outubro de 2018

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, demorou um dia para aceitar o pedido de demissão do ministro das Finanças. Nhlanhla Nene é suspeito de estar envolvido em casos de corrupção.

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Nhlanhla Nene, ex-ministro das FinançasFoto: Getty Images/G.Khan

O chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa, aceitou, esta terça-feira (09.10), o pedido de demissão de Nhlanhla Nene, depois de o ministro das Finanças admitir ter-se encontrado com membros da controversa família Gupta pelo menos seis vezes entre 2009 e 2014.

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Presidente sul-africano, Cyril RamaphosaFoto: Getty Images/AFP/M. Safodien

Segundo Ramaphosa, Nene teme que os encontros o desacreditem num momento em que o Executivo está a tentar "reconquistar a confiança do público".

O ministro admitiu, na semana passada, que errou "ao encontrar-se com os Gupta na sua residência e não no seu escritório ou num local público". A família está no centro de um escândalo de corrupção sem precedentes que abalou a África do Sul e que custou o cargo ao ex-Presidente Jacob Zuma. Sob a égide do antigo chefe de Estado, os Gupta teriam beneficiado de contratos com o Governo e influenciado a ocupação de cargos ministeriais. Zuma e a família Gupta negam as acusações.

"As coisas estão a mudar"

Cyril Ramaphosa sublinhou esta terça-feira, ao aceitar o pedido de demissão do ministro que Nhlanhla Nene "não está implicado em quaisquer atos ilícitos" e se pautou por uma "gestão financeira correta e por uma governação transparente".

Mas, segundo o analista político Aubrey Matshiqi, para proteger a imagem do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC), o Presidente sul-africano não tinha outra hipótese senão demitir o ministro.

África do Sul: Escândalo de corrupção afasta ministro

"Não importa o que Nene fez ou não nesses encontros. O que importa são as perceções que a sua confissão cria. Essa perceção cria uma crise para o Presidente. O ANC está a morrer… Não se vai conseguir corrigir a ele próprio. Não é apenas corrupção. É o estatuto do partido", afirma.

O politólogo Daniel Silke concorda. A renúncia de Nhlanhla Nene é uma "mensagem importante", comenta. "É o começo de uma nova responsabilidade no comando do país. É algo raro. Isto significa que as coisas estão a mudar. Esta renúncia mostra que assumir responsabilidades tornou-se norma para as elites na liderança da África do Sul."

Na sequência da renúncia, o Presidente sul-africano designou para o cargo de ministro das Finanças o antigo governador do Banco Central, Tito Mboweni. A nomeação foi bem recebida interna e externamente: a moeda da África do Sul, o rand, ganhou força na terça-feira, no encerramento dos mercados financeiros.

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