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SociedadeÁfrica do Sul

África do Sul: Fim da revolta contra rede de farmácias

Lusa
11 de setembro de 2020

Opositores cessaram os protestos violentos contra uma rede de farmácias sul-africana após um entendimento com a multinacional Unilever. Empresa é acusada de veicular anúncio "racista" de produtos capilares.

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Südafrika I Black Hair Protest I Economic Freedom Fighters
Foto: Getty Images/AFP/P. Magakoe

"A Unilever expressou remorso a todos os sul-africanos, em particular às mulheres negras, pela imagem racista da TRESemmé SA e vai retirar os produtos TRESemmé SA de todas as lojas de retalho por um período de 10 dias como demonstração do seu remorso pela imagem ofensiva e racista", disse esta quinta-feira (10.09), em comunicado, o porta-voz do partido de esquerda radical Economic Freedom Fighters (EFF, na sigla em inglês), Vuyani Pambo. 

O porta-voz do EFF acrescentou que as partes "concordaram em manter mais discussões sobre o processo de transformação dentro da Unilever, relativamente a aquisições, emponderamento, igualdade de emprego e localização". Todavia, o conteúdo do acordo de entendimento entre o partido político sul-africano e a multinacional ocidental não foi divulgado ao país.

O EFF também iniciou contactos com representantes do grupo Clicks, cujas farmácias foram vandalizadas, algumas até com dispositivos incendiários de fabrico caseiro, segundo a imprensa local.

Südafrika I Black Hair Protest I Economic Freedom Fighters
Foto: Getty Images/AFP/L. Sola

Revolta

Membros e deputados do EFF, terceiro maior partido de oposição com 44 assentos na Assembleia Nacional da África do Sul, vandalizaram desde a última segunda-feira (07.09) mais de 40 farmácias em cinco províncias do país devido a um controverso anúncio publicitário de cosmética capilar da Unilever.

O EFF exigiu o encerramento total das operações do grupo retalhista Clicks, que acusou de descrever o cabelo de duas mulheres negras como sendo "seco e danificado" e "crespo e opaco", enquanto que o cabelo das mulheres brancas foi rotulado como "cabelo fino e liso" e "cabelo normal".

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O grupo comercial sul-africano Clicks, que foi obrigado a encerrar temporariamente 400 farmácias da rede devido aos protestos violentos do EFF, retirou o produto do mercado e suspendeu vários funcionários, salientando que o anúncio publicitário era da autoria da multinacional Unilever, proprietária da marca.

Produtos retirados

Os protestos violentos do EFF levaram ainda o Pick'n'Pay, segunda maior rede de supermercados do país, e o grupo Shoprite-Checkers, com presença em Angola e Moçambique, também a retirarem a marca TRESemmé da Unilever da sua lista de fornecedores. As farmácias Dis-Chem e o grupo comercial Makro também optaram por retirar a controversa marca de produtos capilares das suas prateleiras.

Na quarta-feira (09.09), a polícia sul-africana anunciou a detenção de 10 membros do EFF, incluindo um deputado do partido, que foi acusado de violar a propriedade privada e de atacar agentes da lei e ordem.

O Parlamento sul-africano não condenou as ações do EFF, organização política de Julius Malema, antigo líder da Liga da Juventude do ANC (2008-20012), que defende a supremacia negra e a 'descolonização' económico-social do país.

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