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"África precisa de estatísticas para melhorar governação"

Lusa | kg
2 de novembro de 2019

Diretora-executiva da Fundação Mo Ibrahim diz que países africanos precisam de dados sólidos para desenvolver políticas eficientes nas áreas de saúde e educação. Cabo Verde e São Tomé e Príncipe podem servir de modelo.

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Foto ilustrativa da Fundação Mo Ibrahim Foto: Mo Ibrahim Foundation

Os países africanos precisam de dados estatísticos robustos para poderem conceber políticas eficientes para a educação e saúde. Esta é a opinião da diretora-executiva da Fundação Mo Ibrahim, Nathalie Delapalme.

"Existe uma preocupação abrangente com a falta de estatísticas para monitorizar de maneira coerente se África está no caminho certo ou não. Sem dados sólidos, não podemos ter políticas sólidas. Se não se pode avaliar o estado atual, se não se pode dizer exatamente para onde se quer ir e se não pode monitorizar se está a ir corretamente, é muito difícil liderar políticas eficientes", afirmou em entrevista à agência de notícias Lusa. 

Esta foi uma das principais conclusões do "Relatório sobre a Governação Africana da Fundação Mo Ibrahim" lançado em outubro com o objetivo de avaliar o progresso em termos da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e da Agenda 2063 da União Africana. 

Cabo Verde e São Tomé e Príncipe destacam-se por fazerem parte de um grupo de oito países africanos com sistemas operacionais de registo de natalidade e óbitos para mais de 90% da população. "São dois países pequenos e, obviamente, indicam que, quanto maior o seu país, provavelmente mais difícil é ter um sistema de registo vital e sólido", admitiu a antiga inspetora geral das Finanças em França.

Porém, Nathalie Delapalme salientou que os governos africanos precisam de "considerar e estarem cientes da importância dos dados". Até agora, diz, "houve um empenho insuficiente para este setor importante".

Falta de indicadores

Na área da educação, o relatório encoraja os governos a alinhar melhor as políticas de educação com as necessidades do mercado de trabalho, apostando no envolvimento do setor privado para avaliar as necessidades em termos profissionais. Na área da saúde, o documento sublinha a importância da disponibilidade, qualidade, acessibilidade e capacidade dos serviços de saúde, bem como a segurança alimentar.

Sobre a prosperidade e oportunidades económicas, o estudo incentiva os Governos a promoverem economias diversificadas, a acelerar o progresso a nível de infraestruturas, nomeadamente dos transportes, eletricidade, e tecnologias de informação e comunicação. 

A Fundação, que baseou este estudo nos dados do Índice Ibrahim de Governação Africana (IIAG), concluiu que "os institutos de estatísticas nos países africanos em geral sofrem de falta de recursos financeiros" e de apoio dos Governos.  

Segundo o relatório, quase metade das metas da Agenda 2063 não é diretamente quantificável e menos de 20% não possuem um indicador para medir progressos. Mais de metade dos tipos de fontes de dados sobre os indicadores dos ODS em África correspondem a estimativas ou estudos internacionais e apenas um terço das fontes de dados são de fontes diretas nacionais. 

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