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Défices no ensino africano

Daniel Pelz4 de março de 2016

Em África ainda há um número demasiado elevado de crianças que não frequenta a escola. Mas esse não é o único problema, dizem os especialistas: o ensino que há é mau.

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Foto: Getty Images/AFP/H.McNeish

Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, UNESCO, muitas crianças no continente africano continuam a não poder ir à escola. Na Nigéria, na Costa do Marfim ou na Eritreia, menos de 80% das crianças em idade escolar frequentam um estabelecimento de ensino. Apesar de se ter registado nos últimos anos um aumento de alunos, em 2012, havia ainda 30 milhões de crianças em África que não iam a aulas.

Mas esse não é o único problema do ensino no continente africano. Reiner Klingholz, director do instituto para a demografia e o desenvolvimento na capital alemã, Berlim, chama a atenção para outro fenómeno negativo em África: muitos estabelecimentos de ensino em África são maus, o que se deve à falta de investimentos na educação: "Por isso os jovens africanos são os piores qualificados do mundo. Há uma necessidade enorme de recuperar o atraso no ensino, pois num mundo globalizado é importante que as pessoas tenham as qualificações adequadas", diz Klingholz.

Jovens africanos não podem competir nos mercados internacionais
Caso nada mude, os jovens africanos nunca estarão em condições de concorrer nos mercados internacionais, conclui o especialista. O que não é, de forma alguma, a culpa dos alunos, nem a sua falta de capacidade, salienta Klingholz, e enumera os problemas com que se depara a juventude: "Maus professores, um currículo péssimo, falta de infraestruturas, ou seja, edifícios para escolas. Em muitas escolas continua a ser praticado um ensino antiquado: o professor diz, e os alunos repetem. Não há interatividade no ensino, nunca são colocadas questões".

Kinderarbeit in Goldminen in Tansania
Muitas crianças em África são forçadas a trabalhar - como nas minas de ouro da Tanzânia - em vez de aprenderem a ler e escreverFoto: HRW/Justin Purefoy

Assim, diz Klingholz, os alunos não aprendem o que têm que saber hoje para poderem aceder ao ensino superior e trabalharem mais tarde com a produtividade exigida. Também o especialista sul-africano, Servaas van der Berg, chegou à conclusão que em África, as crianças tendem a precisar de quatro a cinco anos mais para aprenderem o mesmo se ensina aos seus colegas nos países industrializados em dois anos. E Christopher Fomunyoh, do Instituto Nacional de Democracia em Washington diz que as consequências desta situação são desastrosas: "Verifica-se que em muitas zonas de conflito em África, os grupos rebeldes recrutam sobretudo jovens e mesmo crianças. São sempre jovens sem formação e sem perspetivas futuras, que consideram a participação nas forças rebeldes uma oportunidade para ganhar a vida".

Colonialismo na origem do problema

Os problemas no ensino e na educação remontam aos tempos coloniais. Os poderes coloniais tinham pouco interesse em formar a população. Mas depois da independência, muitos Estados também não investiram o suficiente no ensino.
Por um lado, conflitos e guerras civis contribuíram para relegar para segundo plano a questão que devia ser uma prioridade para qualquer jovem nação. Acresce que os programas de ajuste estrutural impostos pelo Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial fizeram com que outros países colocassem a ênfase na consolidação de orçamentos. Mas agora, sublinham os especialistas, chegou a altura de investir mais e num ensino de maior qualidade.

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