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Ébola: Autoridades de saúde só reforçam fronteiras "críticas" em Moçambique

Nádia Issufo11 de setembro de 2014

A permeabilidade das fronteiras pode pôr em causa os esforços contra a entrada do vírus em Moçambique. As autoridades de saúde decidiram reforçar as medidas de controlo e prevenção – nas áreas "críticas".

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Foto: DW/J. Beck

Ao contrário do que alguma imprensa moçambicana tem estado a veicular, não há restrição nenhuma à entrada de pessoas vindas de países afetados pelo vírus do ébola. Os ministros da Saúde da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) até discutiram o tema na semana passada, mas decidiram não o fazer. A organização regional resolveu, no entanto, reforçar as medidas de controlo.

"Os ministros decidiram que todas as pessoas que tenham tido contacto direto com doentes, cadáveres ou animais infetados pelo ébola devem ser mantidas em quarentena durante 21 dias", explica Francisco Mbofana, diretor nacional de Saúde Pública de Moçambique.

Por outro lado, a SADC quer que os países críticos mostrem que estão a fazer um rastreio dos indivíduos, antes de estes partirem para a região austral. Embora sejam decisões em vigor na SADC, elas baseiam-se no regulamento internacional de saneamento, prescrito pela Organização Mundial da Saúde, e que prevê, principalmente, o reforço da vigilância nos pontos de entrada no país, como aeroportos, portos e fronteiras terrestres.

Fronteira permeável

Ebola in Liberia 09.09.2014
O ébola já matou cerca de 2.300 pessoas na África Ocidental. O contacto com cadáveres infetados pode transmitir o vírusFoto: picture-alliance/dpa/A. Jallanzo

Mas que mecanismos de controlo do ébola se podem aplicar tendo uma fronteira permeável?

"Estamos a trabalhar nas fronteiras críticas", diz Francisco Mbofana. "Nem era desejável que o setor de saúde estivesse em cada uma das pequenas fronteiras. E nós, como ministério da Saúde, não temos capacidade de controlar entradas ilegais."

O diretor nacional de Saúde de Moçambique diz que as autoridades vão atuando nos sítios onde há fronteiras oficiais, assegurando que a presença é reforçada nos sítios com maior probabilidade de serem porta de entrada. "É o que fizemos nalgumas fronteiras no norte, centro e sul", afirma.

A maior parte dos imigrantes africanos que entram em Moçambique provem da África Ocidental, região afetada pelo ébola. Também chegam muitos imigrantes da República Democrática do Congo, o único país da SADC com registo de casos de ébola.

Campanhas de sensibilização

Além dos controlos nas fronteiras, as autoridades moçambicanas apostam na sensibilização para os perigos do ébola.

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"Temo-nos desdobrado nos média", conta Mbofana. "Produzimos algum material escrito e estamos a terminar spots para a rádio e televisão. Além disso, temos estado a trabalhar em conjunto com as lideranças comunitárias e religiosas para que a informação chegue a mais gente – informação verdadeira, completa e clara."

É preciso combater ao máximo a desinformação, diz o responsável moçambicano. "Foram, por exemplo, veiculadas informações de que há casos confirmados de ébola no principal hospital de Maputo. Depois, que haveria um nigeriano doente e que ele iria disseminar a doença... Nessas situações, o que fizemos foi reafirmar que a fonte oficial de informação sobre o ébola é o ministério da Saúde. Nós comprometemo-nos a atualizar os órgãos de informação sobre a situação de tempos a tempos."

As autoridades de saúde asseguram que não há casos suspeitos de ébola em Moçambique.

No entanto, por uma questão de prevenção, o pessoal médico está a receber treinamento sobre como lidar com eventuais casos da doença, a nível provincial e distrital – sobretudo nos lugares considerados "de risco".

Uma das ações das equipas de saúde, por exemplo, é monitorar os imigrantes provenientes dos países críticos, por via telefónica. Aos cidadãos nacionais que viagem para os lugares de risco também são dados conselhos.