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Economicamente, 2016 vai ser um ano pior para Moçambique

Romeu da Silva (Maputo)21 de dezembro de 2015

Analistas, empresários e gestores bancários acreditam que 2016 vai ser um ano pior em termos financeiros e económicos para Moçambique. Um dos motivos é a retirada de parte dos parceiros de apoio programático, o G-19.

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Bankautomaten Flughafen Maputo
Foto: DW/J. Beck

A conjuntura internacional e nacional não são favoráveis para Moçambique. A situação do país degrada-se também devido à crise de investimentos e de matérias-primas que provocaram a queda da moeda nacional, o metical, face ao dólar. O Estado moçambicano continua a pagar os salários incompletos e tardios.

Estes fatores poderão ser piores em 2016. António Francisco, analista para assuntos económicos, entende que a saída de parte dos parceiros de apoio programático, os chamados G-19, incluindo a Alemanha, vai piorar o cenário. Afirma que a situação que se perspetiva, ao não contar com a ajuda de um conjunto de parceiros, faz com que o país não tenha capacidade de recuperar uma série de recursos. No entanto, "não sabemos o que vai acontecer com os outros investimentos e há até a possibilidades de vir a concretizar-se o projeto do gás. É muito importante que sejam feitas ações concretas para ver se esta crise se transforma numa oportunidade", afirma.

Mosambik – Zuschuss für Essen für Rentner
Metical, moeda oficial de MoçambiqueFoto: DW/C. Fernandes

O analista nega que este mau momento económico e financeiro de Moçambique seja motivado pelos fatores externos e justifica: "Há aqui um fracasso que temos que reconhecer. Este fracasso não é devido ao preço do dólar, não é devido às forças externas. É devido à nossa incapacidade. É aqui que devemos tomar uma atitude para a crítica mais positiva. Nós podemos beneficiar disso. Sem crítica não há progresso".

O presidente do conselho de administração do Standard Bank, Tomas Salomão, diz também que é urgente identificar os fatores internos que estão por detrás desta crise. Afirma que é necessário que os fundamentos da economia estejam no lugar. Só assim é possível que a economia continue a crescer, que se continue a atrair investimento e a gerar emprego.

Crise político-militar
Outro fator que deverá agravar a crise em 2016 é a crise político-militar, com a ameaça de Afonso Dlhakama, líder da RENAMO, o principal partido da oposição, de tomar o poder nas províncias onde alega ter ganho as eleições. Para o economista Prakash Ratilal, a instabilidade que se iniciou há três anos vai continuar a privar a circulação de pessoas e bens em no ano que aí vem. Assegura que "continuamos a assistir a alguma instabilidade na circulação de pessoas e bens. Depois disso, o novo Governo procura implementar o seu ideal político".

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Exploração de gás natural em MoçambiqueFoto: ENI East

Os empresários ainda mantêm o receio em relação à recuperação do metical face ao dólar. Mesmo assim, o empresário Rogério Manuel acredita que em 2016 tudo pode acontecer: "A minha perspetiva é positiva, mas também muito negativa como ainda está acontecendo. Embora o metical esteja a recuperar face ao dólar, continua ainda fora daquilo que eram as perspetivas do setor privado nacional".

As perspetivas económicas de Moçambique assentam sobretudo na exploração do gás natural, carvão, alumínio e algodão.

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