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400 feridos no dia mais violento de protestos no Líbano

Lusa | EFE | mjp
19 de janeiro de 2020

"Sábado de raiva" marcado por confrontos entre forças de segurança e manifestantes que exigem a formação de um Governo e medidas contra a crise económica. Movimento de contestação popular inédito entrou no quarto mês.

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Libanon Proteste Demonstranten
Foto: picture-alliance/AP Photo/H. Ammar

Quase 400 pessoas ficaram feridas no Líbano em confrontos entre manifestantes e forças de segurança em Beirute na noite de sábado, o dia mais violento desde o início dos protestos. Cerca de 377 pessoas foram tratadas no local ou transportadas para hospitais, durante confrontos na área próxima do Parlamento e da Praça dos Mártires, epicentro do protesto em Beirute, de acordo com informações da Cruz Vermelha libanesa e da proteção civil compilada pela agência de notícias France-Presse.

Estes foram os confrontos mais violentos desde o início da contestação, a 17 de outubro de 2019, num país em plena crise política e económica.

Os confrontos ocorreram junto a uma das principais entradas do Parlamento e os manifestantes, muitos de cara tapada, lançaram pedras, ramos de árvores e postes de sinalização na direção da polícia de choque. A polícia dispersou os manifestantes com canhões de água e disparos de gás lacrimogéneo.

Inicialmente estava prevista uma manifestação perto do Parlamento e vários grupos deveriam convergir para o local provenientes de diferentes pontos da capital e arredores, mas a situação deteriorou-se antes da chegada dos grupos.

O movimento de contestação, que levou à demissão no final de outubro do primeiro-ministro, Rafic Hariri, tem como alvo uma classe política acusada de corrupção e incompetência e reclama um Governo formado por tecnocratas e personalidades independentes.

Já este domingo, cerca de trinta pessoas detidas nos protestos de sábado serão libertadas por ordem judicial, anunciou o Ministério Público libanês.

Libanon Proteste Demonstranten
Polícia usou gás lacrimogéneo e canhões de água para dispersar manifestantesFoto: Reuters/M. Azakir

Dificuldades na formação do Governo

A manifestação ganhou o nome de "sábado de raiva". Um grupo de ativistas que participa nos protestos desde o início do movimento contra o Governo, em outubro do ano passado, afirmou que o povo libanês não será intimidado pela opressão.

O ainda primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, que renunciou ao cargo em outubro, mas segue no poder interinamente perante a dificuldade de se formar um novo Governo, denunciou "atos de sabotagem" para ameaçar a "paz social" do país.

Hariri também afirmou que não permitirá que Beirute volte a ser palco de "destruição e frentes de combate", uma referência à guerra civil vivida pelo país entre 1975 e 1990, quando a cidade foi dividida em regiões controladas por diferentes seitas religiosas.

Os protestos no Líbano voltaram a ganhar força nesta semana depois de um breve período de trégua durante as festas de fim de ano. Hasan Diab foi encarregado de formar um novo Governo depois da renúncia de Hariri, mas ainda não teve sucesso.

Os manifestantes exigem que o novo primeiro-ministro seja independente e tenha experiência para tirar o país de uma profunda crise económica.