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50 anos sem "Che"

Meyre Brito | Astrid Prange De Oliveira
8 de outubro de 2017

Na segunda-feira (09.10), completam-se 50 anos da morte de Ernesto Che Guevara, guerrilheiro que liderou a Revolução Cubana. Opiniões a respeito de Che vão de "ícone-pop" a "exaltador da violência".

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Che Guevara/Foto - Che Guevara/Photo/1965 - Guevara Serna, Ernesto, dit Che Guevara
Foto: picture-alliance/akg-images

Até bem pouco tempo, o retrato dele ainda estampava os uniformes dos guerrilheiros nas florestas colombianas. Mas agora eles têm de viver sem ele.

O mundialmente famoso Che Guevara nasceu na Argentina em 1928 e era médico. Em 1956, o já guerrilheiro liderou a Revolução Cubana com seu companheiro de combate Fidel Castro. Che também conduziu as revoluções no Congo e na Bolívia.

Em 1967, ele foi assassinado pelas tropas bolivianas. Com o fim da Guerra Fria e a morte de Fidel, o revolucionário ainda é um ícone e uma fonte de inspiracao para a esquerda fora de Cuba?

Em entrevista à DW, Matthias Rüb, correspondente na América Latina do jornal alemão "Frankfurter Allgemeinen Zeitung", diz que Che continua vivo para muitos.

"Como personalidade política, Che foi enterrado há muito tempo. Mas como líder revolucionário, ícone-pop e precursor do movimento estudantil de 1968, ele permanece vivo", afirma.

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Camisolas com a fotografia de Che são vendidas como souvenir em CubaFoto: Imago/P. Widmann

Opiniões divididas na Alemanha

Na Alemanha, a opinião sobre Che é marcada pela recente história do país, quando ainda encontrava-se dividido pelo muro. Do lado oriental, o compositor Wolf Biermann escreveu em uma música que Che era o "Jesus Cristo armado". Já do lado ocidental, o literário Richard Herzinger o tinha como um homem com uma doutrina dura, que exaltava a violência e a morte.

50 anos Che - MP3-Mono

Michel Brandt, que aos 27 anos é um dos deputados mais jovens no Parlamento alemão, conta que, mesmo dentro do partido alemão A Esquerda, existem opinioes diferentes sobre Che.

"Aqui em Karlsruhe, temos um cartaz dele na parede. Recentemente, falamos sobre homofobia, algo que faz parte da nossa rotina. Discutimos se ainda é apropriado que a imagem dele esteja na sala de um partido de esquerda. Houve um debate muito acalorado entre os camaradas mais antigos, que defendiam o Che, e os mais jovens, que disseram que ele não se encaixa mais na orientação política de A Esquerda", relata.

Luta de Che continua

Para o biógrafo de Che Guevara, Matthias Rüb, os movimentos sociais na América Latina estão dando continuidade à luta do líder cubano.

"Não há mais um grande revolucionário, mas a luta contra as desigualdades sociais ainda está viva na América Latina. Agora, é a vez dos coletivos e dos movimentos sociais que desejam chegar aos seus objetivos de maneira pacífica", avalia.

Matthias Rüb acredita que o papa Francisco, argentino como Che, também faça parte do movimento iniciado pelo revolucionário Che.

"Este papa tenta levar adiante o legado de Che por meios pacíficos. Na América Latina, isso significa o fim da cruel injustiça social. Com algum exagero, podemos dizer que o papa é o novo Che Guevara", opina Rüb.