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A luta do Togo contra a erosão costeira

Raluca Besliu
17 de abril de 2017

O Togo está buscando ajuda externa para impedir a perda de território para o mar. Casas e estradas estão desaparecendo.

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Togo Lomé Küste Sandstrand
Foto: DW/N. Tadégnon

A erosão costeira, resultante da ação do homem, já atingiu proporções alarmantes no Togo. Isto está ameaçando o futuro das duas principais cidades, Lomé e Aneho, respetivamente a atual e a antiga capital do país, bem como dezenas de vilas de pescadores.

A erosão costeira está destruindo cerca de cinco a dez metros da costa a cada ano por meio do desgaste provocado pelo vento e pelas ondas do mar. Em alguns locais, já foram registados o desaparecimento de até 25 metros do território no mesmo período.

O mar não só desgasta a costa, como também destrói qualquer infraestrutura, tais como estradas, edifícios, ou vegetação. Nada permanece.

O Departamento de Meio Ambiente do Togo e o Banco Mundial lançaram projetos para limitar os danos causados pela erosão costeira. Os projetos envolvem, em primeiro lugar, a construção de estruturas físicas para inibir o poder destrutivo do vento e das ondas.

Além disso, as instituições querem incentivar as comunidades costeiras a se tornarem parceiras na defesa da costa e, assim, desenvolverem uma forma alternativa de sobrevivência, sem que esta contribua para a erosão costeira.

Construção do porto

A erosão costeira existe na natureza, não é necessariamente provocada pelo homem. Mas no Togo o fenómeno pode ser observado principalmente pela intervenção humana e a construção do porto de águas profundas de Lomé, em 1968. O porto pode acomodar navios de cargas pesadas, que exigem uma profundidade de água de mais de nove metros.

Togo Hafen in Lome
Construção do Porto de Lomé, importante para a economia do país, contribuiu para a erosão costeiraFoto: picture alliance/Godong/P. Deloche

Tchannibi Bakatimbe, gerente de projeto do Departamento Ambiental do Togo, disse à DW que a construção do porto interrompeu o processo de acumulação sedimentar na região. Este é um processo natural em que as praias adquirirem depósitos de areia, compensando a quantidade perdida pela erosão. A construção do porto mudou a direção das correntes marítimas e criou um enorme desvio de areia ao largo da costa. "O desvio impede a areia de ser depositada na praia", disse Bakatimbe.

O porto de Lomé é uma importante fonte de receitas para o Togo e é o único porto na África Ocidental a partir do qual os navios podem atingir várias capitais da região em apenas um dia.

Compromisso e cooperação

Desde a sua construção, o porto de Lomé está constantemente a ser expandido. Mais recentemente, no final de 2014, as autoridades portuárias abriram um novo terminal para cargas (Lome Container Terminal - LCT), que fornece dois guindastes portuários adicionais. No ano seguinte, novos equipamentos foram acrescentados para aumentar a eficiência do terminal. O LCT tornou-se uma porta de entrada para os países da região, incluindo o Mali, Níger, Burkina Faso e no norte da Nigéria.

Bakatimbe afirma que o porto está tomando medidas para minimizar o impacto ambiental de qualquer construção futura, e isso inclui cooperar com as autoridades ambientais. No entanto, o porto ainda precisa reconhecer as responsabilidades pela erosão costeira causada por sua construção, ou propor soluções.

O Togo tem 50 quilómetros de costa. Desta extensão, pelo menos 40 quilómetros foi severamente desgastado pela erosão. O Governo já construiu algumas defesas físicas. Entre 2010 e 2014, foram erguidas barreiras de proteção em Aneho para fortalecer a zona costeira.

Karte Togo English

Bakatimbe diz que a construção dessas estruturas ao longo de apenas 30 metros da costa ajudou a estabilizar mais de quatro quilômetros, aumentando o acúmulo de areia. Isto já recriou uma praia de 50 metros que ajudará eventualmente as populações vulneráveis.

Gado Bemah, fundador da Associação para a Ciência e Tecnologias Africanas para um Desenvolvimento Sustentável (ONG STADD), uma organização ambiental sem fins lucrativos em Lomé, previu que as cidades de Aneho e Lomé poderão estar submersas em 5 e em 50 anos, respetivamente, se nenhuma medida de proteção adicional for tomada.

As estruturas físicas projetadas para deter a erosão estão sendo destruídas pelo fenómeno. A areia sob as barreiras em Aneho foi desgastada, fazendo com que alguns dos blocos de proteção fossem varridos para o mar.

Sensibilizar

Os residentes locais também contribuem para a erosão costeira por meio da coleta de areia e cascalho, que são usados para construir casas, como uma fonte de renda.

O Governo, em cooperação com o Fundo Global para o Meio Ambiente, uma empresa de investimento internacional, vai lançar um projeto que irá ajudá-los a encontrar formas alternativas de ganhar a vida. O projeto também pretende sensibilizar o público para a gravidade da ameaça que representa a erosão costeira. O Fundo Global para o Meio Ambiente também está investindo na estabilização de mais 13 quilômetros de costa.

O Golfo da Guiné tem uma história de erosão costeira causada pelo homem, que começou com a construção da barragem de Akossombo no rio Volta, em Gana, em 1961. Sua construção reteve o sedimento do rio Volta, que deveria ser depositado ao longo da costa. Este é um legado que começou "mesmo antes da construção do porto de Lomé", afirmou Bakatimbe. A cooperação entre os Estados costeiros é crucial, uma vez que as atividades de um país podem ter um impacto em toda a costa.

O Banco Mundial iniciou um projeto envolvendo seis países da África Ocidental, incluindo o Togo, com o objetivo de promover a "gestão integrada costeira", reduzir a vulnerabilidade das áreas costeiras e melhorar os meios de subsistência das comunidades. O projeto poderá ser aprovado em 2018.

Separadamente, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aprovou um empréstimo de 41 milhões de dólares (39 milhões de euros) aos governos do Togo e Benin em dezembro de 2016 para financiar a construção de 28 barreiras e reconstituir depósitos de areia em praias prejudicadas pela erosão. O objetivo principal é reduzir a erosão costeira de 20 metros para um metro por ano.