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A votos na Guiné-Conakry vai também a gestão de recursos naturais

Dirke Köpp/Maria João Pinto27 de setembro de 2013

Após terem sido adiadas por sete vezes, finalmente vai haver eleições na Guiné-Conakry no sábado, 28 de setembro. Um dos temas deste pleito: o controlo das receitas provenientes dos recursos naturais do país.

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As receitas da exploração de bauxite não beneficiam a populaçãoFoto: DW/B. Barry

Desde as primeiras eleições presidenciais democráticas, em dezembro de 2010, que o país vive momentos conturbados, com manifestações e centenas de mortos e feridos. Também no último dia da presente campanha eleitoral registaram-se tumultos e confrontos violentos.

No entanto, Jens Hettmann, representante da fundação alemã Friedrich-Ebert na Guiné-Conakry, acredita que as eleições, após longos anos de ditadura militar e instabilidade política, podem finalmente trazer a democracia ao país: "Acho que a Guiné tem boas hipóteses de avançar pacificamente no processo de transição e que é possível existir um diálogo direto entre os atores políticos”. Para isso, diz o especialista, é importante que a transição institucional seja finalmente concluída com a eleição de um novo Parlamento e que, em seguida, a Guiné-Conakry seja governada por civis eleitos em todas as áreas - executiva, legislativa, e judicativa.

Um dos países mais pobres do mundo

Guinea Conakry
A Guiné-Conakry continua a ser um dos países mais pobres do continente africanoFoto: DW

Só assim, diz Jens Hettmann, o país pode abordar a liderança política do tema central dos próximos anos.: a gestão dos recursos naturais do país. A Guiné-Conakry é teoricamente rica: tem as maiores reservas de bauxite do mundo. A bauxite é um minério utilizado principalmente na produção de alumínio e, por isso, bastante procurado em todo o mundo, especialmente na indústria automóvel. Ainda assim, a Guiné-Conakry é um dos países mais pobres do mundo e os seus onze milhões de habitantes não beneficiam do boom dos recursos naturais. E, por isso, os candidatos de todos os partidos tentam distinguir-se nesta área.

O analista político Moustapha Doumbouya enumera os pontos aos quais os políticos devem dar prioridade: "Primeiro, quais são os impactos negativos da extração de recursos na região? Em segundo lugar, vem o desenvolvimento: as receitas devem, naturalmente, beneficiar a população. E em terceiro lugar o impacto da mineração, a nível nacional, em termos de infraestruturas: estradas principais, linhas ferroviárias” Para o analista, é necessário um debate sobre estas questões, para garantir “que não é apenas uma determinada região, comunidade ou grupo étnico que sai a ganhar com as decisões do governo”.

Riquezas naturais devem beneficiar toda a população

Guinea Conakry Protest Demonstration Unruhen 18.04.2013
Também este ano, tumultos e distúrbios precederam as eleiçõesFoto: picture-alliance/AP

O mesmo diz Bakary Diakité, o candidato do partido da oposição, a União Nacional para a Renovação: “Uma oposição justa tem de garantir, num parlamento legalmente eleito, que a exploração dos recursos naturais seja totalmente benéfica para a população”. Mas, durante muito tempo, os interesses pessoais e o desejo de enriquecimento determinaram o destino da política dos recursos naturais. Quem controla o Estado, tem também o controlo das receitas provenientes da indústria extrativa.

O especialista alemão Jens Hettmann adverte que a Guiné “tem de parar de desperdiçar os seus recursos para maximizar os interesses pessoais das elites políticas de outros países”. E Hetmann recomenda um maior envolvimento do país na gestão, de forma democrática, pública e transparente: “O problema é que falta às autoridades da Guiné a experiência e a competência”, acrescenta.

Necessidade de eleições pacíficas

Guinea Conakry Massaker 2009
Em Outubro de 2009, a polícia massacrou 150 manifestantesFoto: AP

Para já, para ter um parlamento em pleno funcionamento, partidos e eleitores têm de garantir que o país não se afunde na violência e no caos em torno das eleições. Só então o governo e a oposição poderão vir a desenvolver uma política de recursos naturais que beneficie a população.

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