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Al-Sisi do Egipto: Um ano à frente da União Africana

Kate Hairsine | rl
8 de fevereiro de 2020

Presidência da União Africana será passada, na Cimeira que arranca este domingo (09.02), a Cyril Ramaphosa, numa altura em que o continente continua a debater-se com conflitos e terrorismo.

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Abdel Fattah al-Sisi, Presidente do Egito, assumiu a liderança da União Africana em fevereiro de 2019Foto: picture-alliance/Xinhua/Z. Yangzi

Quando assumiu a presidência rotativa de um ano da União Africana (UA) em fevereiro de 2019, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, era já uma figura controversa, tendo a sua nomeação sido muito criticada por organizações internacionais que temiam consequências para o historial de direitos humanos da instituição.

Passado um ano desta nomeação, a Amnistia Internacional mantém as críticas à presidência de al-Sisi na União Africana por considerar que o Egito fez "pouco para defender os valores e princípios da organização relacionados com os direitos humanos".

"Em vez disso, usou essa posição para minar os direitos humanos e a independência dos mecanismos regionais de direitos humanos", disse Japhet Biegon, da Amnistia Internacional, numa declaração enviada por e-mail à DW.

Também um relatório recente da Human Rights Watch dá conta de que têm sido levados a cabo, no Egito, atos de "tortura e desaparecimentos forçados" contra opositores do governo.

Livre Comércio

No entanto, há aspetos positivos a apontar. Em 2019, quando o Egito assumiu a presidência da União Africana, delineou seis áreas prioritárias - integração económica e regional, construção de pontes entre os povos africanos, cooperação com parceiros, desenvolvimento económico e social, reforma institucional e financeira da UA e paz e segurança.

Um anos depois, nota em entrevista à DW, Mohamed Diatta, investigador do Instituto de Estudos de Segurança, a União Africana progrediu na área da integração económica com os avanços na criação da zona de Livre-Comércio em África.

Em maio de 2019, o Egito anunciava que o Acordo de Livre-Comércio Continental Africano tinha entrado em vigor após ter sido ratificada por 22 países do continente.

African Union summit
Na 33ª Cimeira da União Africana, que se realiza em Adis Abeba de 9 a 10 de fevereiro, Al-Sisi entregará a presidência do bloco africano ao Presidente da África do Sul, Cyril RamaphosaFoto: Getty Images/I. Sanogo

Para Mohamed Diatta, há outra iniciativa levada a cabo na presidência de Al-Sisi à frente da União Africana que deve ser frisada que foi a implementação de reuniões quinzenais da comissão de representantes permanentes do bloco em Adis Abeba.

"Muitas pessoas [na Comissão] elogiaram a presidência do Egito ... na condução dos assuntos dos representantes permanentes e na garantia de que a comissão, juntamente com os representantes permanentes, trabalhassem juntos em algumas das questões prementes do continente", disse Diatta.

Também Amr Emam, editor do Egyptian Gazette, um jornal de língua inglesa próximo ao governo, nota que foram feitos avanços.

"Quando [Abdel Fattah al-Sisi] assumiu a presidência do Egito, as relações do Egito com outros países africanos eram muito más”, nota o editor, lembrando, inclusívé, . que o "Egito foi expulso da União Africana, embora fosse um dos seus membros fundadores". Por isso, acrescenta: "durante este ano, ... ele trouxe o Egito de volta ao continente africano e fortaleceu as suas relações com outros países africanos."

Tensões com Etiópia

No entanto, o ano que passou ficou também marcado pelo aumento das tensões entre o Egito e a Etiópia por causa da construção da barragem no Nilo Azul.

A Etiópia diz que precisa da barragem para fornecer eletricidade a milhões de pessoas, maioritariamente das suas áreas rurais, enquanto o Egito argumenta que a barragem põe em risco o seu abastecimento de água, pois é daqui que provem 90% da água do Egito.

Ainda assim, no final de janeiro, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Água do Egito, Etiópia e Sudão fizeram saber que deverá ser asssinado, no final deste mês, um acordo "definitivo" sobre a barragem.

Ameaças à segurança

Em termos de segurança, a União Africana suspendeu, em junho de 2019, o Sudão, após os militares terem dispersado violentamente um protesto na capital Cartum – uma posição que foi elogiada.

Também durante o último ano, a União Africana tem-se mantido alerta em relação à crise na Líbia, tentando encontrar soluções para colocar um fim ao conflito.

Na 33ª Cimeira da União Africana, que se realiza em Adis Abeba de 9 a 10 de fevereiro, Al-Sisi entregará a presidência do bloco africano ao Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.