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Acordo entre Governo e RENAMO fortalece imagem dos partidos e de Moçambique

Nuno de Noronha14 de fevereiro de 2014

Silvério Ronguane, politólogo independente, acredita que MDM não deverá criar problemas com o facto de acordo ter sido debatido à porta fechada. Pacto é fruto da pressão interna e externa e segue agora para o Parlamento.

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As eleições gerais em Moçambique estão agendadas para 15 de outubro de 2014Foto: Reuters

O Governo e a segunda maior força política de Moçambique, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) alcançaram na quinta-feira (13.02) um acordo final em relação à revisão do pacote eleitoral.

Esta constituía a principal exigência da RENAMO para a participação do principal partido da oposição nas eleições gerais agendadas para 15 de outubro de 2014.

Dialog zwischen RENAMO und Regierung in Mosambik
Consenso entre RENAMO e Governo chegou ao fim depois de dez meses de negocições com várias fases conturbadasFoto: DW/L.Matias

Acordo sob pressão

Segundo o analista político independente Silvério Ronguane, o acordo é fruto de várias pressões. “A pressão popular, dos investidores, dos doadores e sobretudo a pressão do Movimento Democrático de Moçambique (MDM)”, indica. “As vitórias do MDM nas eleições ajudaram a desfazer a ideia de que as eleições se ganham através dos órgãos eleitorais”, frisa.

Silvério Ronguane alerta que qualquer falha no processo pode, contudo, arrastar o país para um novo impasse. Porém, nas palavras deste politólogo, o MDM, que não participou no acordo, vai manter uma postura pacífica em prol da paz no país.

“O MDM está a exigir o que é de direito porque está na Assembleia da República e deve ter os mesmos direitos que os outros partidos. Mas apesar de tudo, graças ao líder pacífico do MDM, há uma perceção de que a prioridade é a democracia e a paz. O MDM não está a entrar no debate político para piorar o ambiente, mas sim no sentido de aperfeiçoá-lo”, explica o analista.

O acordo entre a RENAMO e o Governo foi alcançado durante uma sessão que contou com a presença de observadores nacionais, após uma série de rondas negociais iniciadas em maio de 2013.

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O acordo introduz na lei o conceito de paridade política entre partidos nos órgãos eleitorais, nomeadamente na Comissão Nacional de Eleições e Secretariado Técnico de Administração Eleitoral.

Contudo, o politólogo Silvério Ronguane salienta que há pontos por elucidar.

“A questão da sociedade civil continua por esclarecer. Na lei que está em vigor, a sociedade civil participa, mas quem a escolhe é o Parlamento por voto maioritário e a FRELIMO acaba por eleger na totalidade esses membros”, recorda.

Presença do MDM nos órgãos eleitorais por clarificar

Com base no pacto, sabe-se que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) deverá ser composta por 17 membros, enquanto o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) contará com 18 elementos. Embora não tenha sido anunciada ainda a distribuição dos assentos naqueles orgãos pelos partidos parlamentares, sabe-se também que a RENAMO verá a sua presença reforçada. Quanto ao MDM, ainda não há dados públicos.

No que respeita à integração dos militares da RENAMO no Exército Nacional, Silvério Ronguane acredita que esse processo continuará a decorrer de forma pacífica. “Os próprios militares são os mais interessados na paz, até porque são eles as primeiras vítimas em caso de guerra”, comenta.

Mosambik Afonso Dhlakama 10.04.2013
Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, já fez saber que pretende voltar à vida política pública dentro em breveFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

A RENAMO pretende agora submeter a proposta de revisão do pacote eleitoral e pedir que o início do recenseamento eleitoral seja adiado por mais duas semanas. Quanto à imagem dos dois partidos, Silvério Ronguane não tem dúvidas de que todos saíram beneficiados.

“Quer o Governo, quer a RENAMO vão sair reforçados como partidos da paz e vão reconciliar-se diante do seu povo e diante dos investidores. Todos saem a ganhar e os moçambicanos saem bem na fotografia”, salienta.

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