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FutebolAlemanha

AG Bayern Munique: "Nós somos o Bayern, tu não!"

António Deus | Matt Ford
2 de dezembro de 2021

Na última assembleia-geral do Bayern Munique, os adeptos contestaram o acordo com a Qatar Airways e tentaram forçar o fim da ligação com o clube alemão.

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Protestplakat Fussball I   Fuer Geld Waschen wir alles rein
Foto: Sascha Walther/Eibner-Pressefoto/picture alliance

O Bayern Munique não é apenas o clube mais famoso e mais bem sucedido da Bundesliga. É também um dos melhores exemplos de como funcionam os clubes de futebol liderados por uma direção votada por associados na Alemanha.

Como tal, as cenas caóticas na assembleia-geral anual do Bayern da passada quinta-feira (25.11), não revelaram apenas as enormes divisões dentro do próprio clube, como também refletiram uma divisão crescente no futebol alemão como um todo em 2021.

Democracia com exceções

Jahreshauptversammlung 2021 des FC Bayern Muenchen e.V..
Sócios exaltados na assembleia-geral do Bayern Munique.Foto: Frank Hoermann/SvenSimon/picture alliance

Como a maioria dos clubes de futebol na Alemanha, o Bayern Munique adere à regra 50+1, que estipula que 50% das acções com direito a voto na divisão de futebol profissional de um clube, mais uma ação, permanecem nas mãos do próprio clube. Adidas, Audi e Allianz podem ter 8,33% de participação cada um na Bayern Munique AG (a divisão de futebol profissional), mas os outros 75% pertencem ao Bayern Munique e. V. (o clube) com os seus 293.000 membros, 780 dos quais estiveram presentes na assembleia-geral (AG).

Antes da reunião, um desses membros, um advogado de nome Michael Ott, tinha apresentado uma moção que, se votada favoravelmente, teria obrigado o Bayern a não renovar o seu atual acordo de patrocínio com a Qatar Airways e impedi-lo-ía de assinar quaisquer futuros acordos comerciais com o país do Médio Oriente.

Mas a moção nem sequer foi admitida. Ott afirma que o Bayern ignorou a moção e levou o clube a tribunal, que concluiu que a moção não era suficientemente urgente para que lhe fosse garantida a admissão.

1. Bundesliga | FC Bayern München v DSC Arminia Bielefeld
A Allianz Arena, o estádio do Bayern MuniqueFoto: Sebastian Widmann/Getty Images

Oliver Kahn, que sucedeu a Karl-Heinz Rummenigge como CEO no início deste ano, não mencionou uma única vez a palavra "Qatar" no seu discurso. Herbert Hainer deparou-se com uma contestação ainda maior. O antigo CEO da Adidas, de 67 anos de idade, foi eleito presidente do clube em 2019, substituindo o lendário Uli Hoeness. Muitos ressentiram-se da atitude de Hainer, que consideraram arrogante.

Mundos opostos

Na mesa da direção estavam homens de negócios que vêem no Bayern Munique uma empresa que tem que competir na indústria global que é o futebol moderno. Do outro lado estão os associados, que vêem o Bayern Munique como um clube de futebol no verdadeiro sentido da palavra, o seu clube, que compete com outros clubes que jogam futebol, o jogo do povo.

"Nunca o conflito cultural e geracional foi tão pronunciado como nesta noite", escreveu o jornal alemão Süddeutsche Zeitung.

A verdade é que ambas as visões são válidas. Essa é, afinal, a finalidade da regra 50+1: tornar o clube uma entidade comercial aberta ao investimento no mercado livre, mas de forma restringida e sob controlo dos sócios.

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