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Alemanha ajuda Mali a preservar manuscritos de Tombuctu

4 de março de 2013

No meio dos combates em Tombuctu, no norte do Mali, bibliotecários arriscaram a vida para salvar valiosos documentos. O ministério alemão dos Negócios Estrangeiros prepara-se para dar assistência na sua salvação.

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Biblioteca deTombuctu, Mali
Biblioteca deTombuctu, MaliFoto: picture-alliance/abaca

No século XVI, Tombuctu era uma cidade universitária com mais de 20 mil estudantes e quase 150 escolas do Corão, diz Michael Hanssler, presidente da Fundação alemã Gerda Henkel: "Os manuscritos descrevem a História da região, e são, por isso, de enorme importância histórico-cultural, muito para além das fronteiras do Mali."

Ainda segundo explicações de Michael Hanssler, trata-se, em primeira linha, de interpretações jurídicas islâmicas, mas também de reportagens de viagens, e livros de estudo de astrologia, retórica e língua árabe.

Os temas dos manuscritos são diversificados: "Para além de manuscritos sobre medicina natural, música e até, segundo ouvi dizer, sobre as sandálias do profeta Maomé", conta Hanssler.

Ao fugirem dos soldados malianos e franceses, no dia 28.01.2013, os insurgentes islamistas incendiaram o Instituto Ahmed Baba, cujas instalações modernas tinham sido inauguradas há apenas quatro anos, a um custo equivalente a vários milhões de euros.

Dificil estimar estragos

A Biblioteca Ahmed Baba, que albergava manuscritos valiosos e raríssimos, era apenas uma das cerca de 80 bibliotecas privadas de Tombuctu. A extensão dos estragos feitos pelos rebeldes ainda não é clara.

A França enviu soldados para ajudar o Mali a expulsar os rebeldes que ocupam o norte do país
A França enviu soldados para ajudar o Mali a expulsar os rebeldes que ocupam o norte do paísFoto: Reuters

Mesmo os cientistas do Projeto de manuscritos de Tombuctu da Universidade sul-africana da Cidade do Cabo, que se encontram a arquivar os documentos, não sabem dizer quantos foram destruídos.

Dos 30 mil que se encontravam na Biblioteca Ahmed-Baba, por exemplo, apenas um terço fora catalogado antes de ser cometido aquilo a que a imprensa chamou de verdadeiro "crime cultural".

A fundação alemã Gerda Henkel vai apoiar os esforços de reconstrução da biblioteca, diz Michael Hanssler: "Neste momento estamos a cooperar estreitamente com o Ministério alemão dos Negócios Estrangeiros para avaliar a situação, que é pouco clara. Nem sabemos ao certo quantos manuscritos se encontram em Bamako e em que estado se encontram."

A fundação Gerda Henkel deverá recorrer a especialistas académicos para planear o procedimento futuro, que provavelmente passará pela digitalização e a medidas de proteção contra influências climáticas.

Documentos não devem sair do Mali

A grande Mesquita de Tombuctu
A grande Mesquita de TombuctuFoto: picture-alliance / Désirée von Trotha

Calcula-se em cerca de 4000 o número de documentos científicos, filosóficos e teológicos que datam da Idade Média árabe-africana, que estão agora nas instalações da Embaixada alemã na capital Bamako.

Colaboradores de várias bibliotecas colocaram os documentos em caixas e transportaram-nos a toda pressa, de Tombuctu para Bamako, num corajoso esforço de preservação.

O governo alemão decidiu prestar assistência diretamente com meios financeiros e logísticos para conservar estes tesouros literários, anunciou, recentemente, o ministério dos Negócios Estrangeiros, sem, no entanto, avançar números concretos.

Michael Hanssler defende que todos os passos seguintes devem ser estreitamente coordenados com os responsáveis no Mali: "Onde isso for possível, os documentos devem permanecer no Mali. Claro que para isso deverá ser encontrado um local seguro para guardar os manuscritos. Na condição, claro, que os combates armados não cheguem à capital."

Autor: Nikolas Fischer/Cristina Krippahl
Edição: Nádia Issufo/Renate Krieger

Alemanha ajuda Mali a preservar manuscritos de Tombuctu