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Alemanha: Mudanças na CDU de Angela Merkel

Jefferson Chase
8 de dezembro de 2018

Annegret Kramp-Karrenbauer substitui a chanceler alemã Angela Merkel na liderança da União Democrata Cristã e congresso elege o mais jovem secretário-geral da história do partido. Uma CDU mais jovem e diversa?

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Deutschlandtag der Jungen Union (JU)
Foto: picture-alliance/dpa/C. Rehder

Com a secretária-geral Annegret Kramp-Karrenbauer a substituir Angela Merkel como líder da União Democrata Cristã (CDU), o partido precisava de um substituto para a chefia das operações. No último dia do congresso da CDU, este sábado (08.12), os delegados preencheram esse vazio, elegendo Paul Ziemiak, de 33 anos, com 63 por cento dos votos.

Foi a própria Annegret Kramp-Karrenbauer quem propôs Ziemiak, o líder da ala juvenil da CDU, para o cargo, apesar de o dirigente ser ainda mais conservador do que a nova líder do partido. A decisão da dirigente centrista é um gesto claro de reconciliação com os conservadores tradicionais, depois de ter vencido na sexta-feira os rivais mais à direita, Friedrich Merz e Jens Spahn, na votação para a liderança.

Segundo Kramp-Karrenbauer, inicialmente, Ziemiak tencionava recusar a sua oferta por lealdade a Merz e Spahn, mas acabou por reconsiderar. No seu discurso antes de ser eleito secretário-geral, Paul Ziemiak sublinhou os seus ideais conservadores.

"A CDU tem de ser um partido de lei e ordem, com uma direção clara, que fale uma linguagem clara", disse o dirigente de 33 anos. "Agora, a tarefa é renovar o partido". Uma grande parte dessa renovação é geracional – algo que Ziemiak reconhece e personifica.

Deutschland CDU-Parteitag in Hamburg Wahlboxen
Delegados votam no congresso da CDU em Hamburgo.Foto: Reuters/F. Bensch

O dilema demográfico

Um dos primeiros sinais e razões para o declínio tanto da CDU como dos seus rivais tradicionais à esquerda, os sociais-democratas, é a idade avançada do seu núcleo duro.

Tal como Jens Spahn, de 38 anos, apontou antes da votação para a liderança, há actualmente mais membros do CDU com mais de 75 anos do que com menos de 40. Embora continue a ser o maior partido da Alemanha, a União Democrata Cristã perdeu mais de metade dos membros desde 1990 e luta todos os anos para recrutar membros mais jovens para substituir aqueles que morrem.

Tal como Spahn, Ziemiak – o mais jovem secretário-geral da CDU na história do partido – define a demografia como um dos desafios mais complicados dos democratas cristãos.

"Precisamos de rejuvenescer o partido, o grupo parlamentar e o Governo", disse Ziemiak à televisão alemã nas vésperas do congresso. "Disse isto depois das eleições e pedi à chanceler que nomeasse os seus ministros antes de assinar o acordo de coligação para garantirmos que ficaríamos mais jovens. E, no fim, isso foi feito".

Mas enquanto a vontade de rejuvenescer a CDU é clara, basta olhar os delegados e, em particular, os oradores, do congresso da CDU para que a verdade crua e dura se exponha: o partido é significativamente mais velho que a população alemã. Reverter esta tendência é essencial, se os democratas cristãos quiserem inverter a recente queda nas eleições regionais e sondagens.

Deutschland CDU-Bundesparteitag Paul Ziemiak
Paul Ziemiak discursa no congresso da CDU.Foto: Reuters/K. Pfaffenbach

A nova diversidade

Ziemiak também representa uma nova linha orientadora na CDU devido ao seu passado. Nasceu Pawel Ziemiak, na cidade polaca de Szczecin, perto da fronteira alemã. Emigrou com os pais para a Alemanha quando tinha três anos.

Ou seja: o novo secretário-geral de um partido que tem tido tantas dificuldades em chegar a um consenso sobre a migração tem, ele próprio, um passado de emigração. E sublinha a importância da diversidade na desejada renovação da CDU.

"Todo o espectro do partido deveria estar representado”, disse Ziemiak numa entrevista a um jornal, no início do ano. "Temos alas muito diferentes e uma grande diversidade de opiniões. Precisamos disto também, se queremos reconquistar os eleitores que perdemos para o FDP (centro-direita), a AfD (extrema-direita) ou os Verdes".

Na sexta-feira, com Friederich Merz, a CDU tinha uma chance de eleger um líder que teria sido, em muitos sentidos, um regresso ao passado pré-Merkel, quando o partido era dominado por homens heterossexuais de raízes tradicionais alemãs. Com uma margem estreita, o partido acabou por rejeitar essa opção a favor de Kramp-Karrenbauer, a sua segunda líder mulher centrista consecutiva.

Apesar do seu conservadorismo pessoal, Paul Ziemiak também personifica a diversificação gradual do principal partido conservador alemão e da sociedade alemã, em geral.